Pouco mais de cinco anos após a eclosão da epidemia de Covid-19, ainda hoje a gente separa o tempo entre o que aconteceu antes da Covid e depois dela. Essa divisão dos acontecimentos deve seguir assim, o que faz todo o sentido. Afinal, a pandemia mudou completamente nossas vidas, o trabalho e o comportamento.

Uma das consequências saudáveis que a crise sanitária trouxe para o mercado foi a flexibilidade nas relações de trabalho e pessoais, com a possibilidade de agora empresas, fornecedores e colaboradores realizarem, por exemplo, reuniões online, que antes só ocorriam no presencial. Muitas vezes, a distância em uma cidade como São Paulo, com um dos piores trânsitos do mundo, não justifica o deslocamento.

Porém, verdade seja dita: nada é melhor do que o presencial. O face to face. O tête-à-tête entre duas pessoas. Seja no ambiente profissional, familiar ou pessoal. O encontro privado, íntimo e cara a cara entre duas pessoas é insubstituível. Tem coisas que só dá para falar pessoalmente mesmo. É diferente.

Não à toa, cada vez mais, grandes grupos, de comunicação inclusive, estão buscando integrar e concentrar cada vez mais as empresas e os seus funcionários em um mesmo local. Mantendo o modelo híbrido de trabalho, o mais adotado no mercado brasileiro de publicidade e marketing, o WPP, por exemplo, já começou a mudança de todas as suas agências no Brasil para o Campus do WPP, onde vai abrigar 21 empresas em cinco andares, reunindo times de culturas diferentes como VML, Ogilvy, Grey e AKQA.

Várias agências já começaram a se mudar, como a Fbiz, agências de PR como a Burson e outras. O novo campus ocupa uma área de 20 mil metros quadrados no bairro da Vila Leopoldina, em São Paulo. A inauguração “oficial” está programada para novembro deste ano e a capacidade do local será de aproximadamente cinco mil colaboradores, conforme nos informou Eduardo Zanelato, chief comms officer da VML.

O espaço está sendo chamado informalmente de WPP Vila, “talvez para reforçar e enaltecer a relação com a Vila Leopoldina e também porque querem que seja algo como uma comunidade, que favoreça o pertencimento, a conexão e a troca entre todos os times das agências”, confidenciou uma fonte. Resta aguardar. Aproveitando, vale ressaltar que o movimento de troca de contas no mercado foi importante na última semana. A GUT ganhou a concorrência pelas contas de Brastemp e Consul, que estavam na DM9, mas cujo contrato foi rompido após polêmicas envolvendo o case ‘Efficient way to pay’.

A própria DM9, que se mostra com fôlego para novos negócios após a crise enfrentada com a cassação do Grand Prix e devolução de outros Leões em Cannes, anunciou a conquista da conta da Decolar. Outra movimentação veio da Suno United Creators, que venceu a concorrência pela marca Keeta, app chinês de delivery que chega ao Brasil - furo do editor do site do propmark, Vinícius Novaes.

Capa
Você sabia que o Brasil é um dos países mais espiritualizados do mundo? Informações como essa estão na matéria de capa desta edição, que mergulha no universo da religião e sua influência sobre hábitos de consumo no Brasil.

Reportagem assinada pela editora Janaina Langsdorff, que ouviu especialistas da ESPM e da FGV, por exemplo, faz uma análise sobre como o comportamento de compra moldado por crenças ainda demanda compreensão do marketing para gerar proximidade e laço emocional. Como ela mostra, religião é parte da cultura do Brasil e impacta inclusive na escolha de marcas.

A economia da fé mexe com a venda de livros, música, produtos, viagens, roupas, eventos, shows e a produção de conteúdo. Não existem dados oficiais sobre o número consolidado do setor, mas a estimativa é que movimente mais de R$ 30 bilhões no país. Apenas o turismo atinge a cifra de R$ 15 bilhões anualmente, segundo o Ministério do Turismo. De fato, é um segmento que precisa de lentes específicas do ponto de vista da comunicação.

Frase
“Tudo na vida que é ruim de passar é bom de contar. E tudo que é bom de passar é ruim de contar” (Ariano Suassuna).

Armando Ferrentini é publisher do propmark