Provavelmente, a inteligência artificial se jactaria de ser um dos passos para submeter a mente humana ao seu jugo implacável. Será?

Claro que não! Ela tem a humildade de estar a serviço das mentes brilhantes que sabem brifar a IA para garantir performance às ideias. Sem saber orientar a máquina, a massa não vira biscoito fino.

A executiva Mira Murati, CTO da empresa OpenAI, criadora do ChatGPT, fez uma excelente entrevista no primeiro dia do Cannes Lions com David Droga, CEO da Accenture Song. Eles não acreditam nesse tipo de protagonismo da tecnologia pela tecnologia. O ponto alto da apresentação foi a intersecção da IA e da criatividade humana. Mira disse que foi muito difícil explicar para a mãe albanesa o que estava fazendo na OpenAI. Mas a matriarca aprendeu a fazer e compreender que a tecnologia ajuda a compor respostas.

Ensinar criatividade por meio de máquinas para humanos é uma utopia. Aprendizado de máquina funciona como ferramenta para otimização de processos estatísticos e matemáticos. E outros! A criatividade em si, como pondera Mira, é a busca pela descoberta na vida humana.

Ou seja, não seria essencial compreender apenas a tecnologia para poder fazer algo com ela. “Isso é que é único no ChatGPT. Está chegando ao público em alta velocidade e de forma ampla”, exorta Mira, que quer dizer que a IA é dependente química da mente humana para se expressar, por assim dizer.

O uso da IA na publicidade não é uma saída para a criatividade se manifestar. Ledo engano quem pensa assim. O Brasil está bem avançado com a tecnologia da inteligência generativa.

Ela ajuda a compor cenários inimagináveis para quem deseja viajar em linhas de pensamento mais avançadas.

David Droga chamou a atenção sobre campanhas escritas por pesquisas que não são criativas. A IA não vai trazer criatividade se uma ideia não estiver no centro.

Parece, portanto, que colocar no pedestal a IA não vai produzir aquilo que os jurados buscam como comunicação inovadora. A IA pode engajar e interagir com a criatividade humana, não substituir o input humano. Ou seja, é uma ferramenta bacana para o arsenal criativo como suporte dos processos para liberar potencial criativo das agências e dos anunciantes. A colaboração entre agências e anunciantes será mais intensa quando o foco for solução inovadora e gerar impacto.

A pauta da IA permeia o Cannes Lions 2024. Mas, a Ascential, organizadora do Cannes Lions, trouxe regra inédita para todos os júris: declaração de isenção de responsabilidade no processo de inscrição sobre o uso de IA nas peças inscritas.  É uma nova pergunta obrigatória para que os participantes informem se usaram IA no seu trabalho e, em caso afirmativo, como isto serve para ajudar o júri a julgar o trabalho de forma justa, conhecendo o panorama completo.

A ideia é entender como a IA é utilizada pelo trade/indústria.

Nosso associado Bradesco fez uma parceria linda com a IA. A secretária BIA significa Bradesco Inteligência Artificial e é pioneira na fase pré generativa. A diretora de marketing, CRM e Negócios Digitais do banco, Nathália Garcia, explica que a evolução é gigante e nem dá para comparar o primórdio desse processo.

Não dá mesmo!

A IA auxilIA. Não crIA.

Os anunciantes estão sempre à frente do seu tempo e contribuem para emular seus fornecedores na busca de cenários, tendências e recursos. Portanto, não deixam de apostar nos arsenais que contribuem para materializar novas formas de abordagem ao consumidor.

Em agosto do ano passado, lançamos o 'Guia ABA sobre impactos da inteligência artificial generativa na publicidade'.

A IA é bem-vinda! Ainda vamos falar muito sobre essa alternativa que ganhou novo fôlego a partir de 2022 com o lançamento do ChatGPT.

E vai ter atualizações pragmáticas.

Insights

Certamente a IA vai ser um dos assuntos que o evento 'ABA 65 anos Cannes Insights by GoAd', agendado para o dia 25 de julho sob o tema 'Cultura, conectividade: decodificando os pilares da criatividade contemporânea', vai debater. Esse projeto é um pilar da ABA para seu alinhamento com a criatividade que o Cannes Lions fomenta.

Nos vemos lá!