Languishing é a denominação que o psicólogo Adam Grant deu ao que muitos de nós estamos sentindo, ou começando a sentir. Adam Grant, psicólogo organizacional, durante sete anos o professor melhor avaliado da Wharton University, com diversos livros de sucesso, e traduzido em 35 línguas. Segundo Adam, caminhamos em direção à languidez, ao abatimento, e definhando. Claro, em decorrência da pandemia, e de tudo o que já causou.

Em artigo publicado no ano passado, no The New York Times, Adam descreve como chegou à conclusão do Languishing, e que todos estamos começando a definhar...

Disse: “No início, não reconheci os sintomas que eram cada vez mais comuns nas pessoas de meu relacionamento. Amigos repetiam sobre as dificuldades crescentes em se concentrarem. Mesmo e diante da perspectiva da vacina, muitos se revelavam pessimistas em relação a 2021. Um parente meu permanecia acordado assistindo de forma recorrente ao filme A Lenda do Tesouro Perdido... E eu, que pulava da cama antes das 6h, passei a permanecer deitado até às 7h trocando posts com amigos... Não se tratava de esgotamento. Apenas sentíamos falta de energia. Também não era depressão e nem impotência...”.

Apenas ausência de alegria e de objetivos. Descobrimo-nos Languishing... Definhando... Perda gradativa, recorrente e crescente de energia... Um híbrido de estagnação e vazio. A sensação de um arrastar-se pelos dias, vendo sua vida passar através de uma janela embaçada. Assim, dizia ele naquele momento, “acredito que o Languish, o definhar, poderá ser a emoção predominante neste ano de 2021, e início de 2022...”. E explicava, “Na medida em que a pandemia arrastou-se, o estado agudo de angústia deu lugar a uma espécie de abatimento crônico. Na psicologia tratamos os diferentes estágios em termos de saúde mental, como algum ponto entre a depressão e o florescimento. O florescimento é o apogeu do bem-estar – temos um forte sentimento de significado, domínio, e importância para os outros. Já depressão é o vale do mal-estar: sentimo-nos pesados, esgotados, inúteis... Assim o definhamento é um ponto intermediário. Uma espécie de vazio entre depressão e florescimento...”.

E qual a solução diante do languishing, do definhamento? Segundo Grant, e outros psicólogos, uma vez concluído o diagnóstico, a solução é uma palavrinha de quatro letras, Flux! Diz Grant o que é o Flux, o Fluxo. “Fluxo é deixar-se absorver por um desafio importante e fluir; uma ligação ainda que momentânea por uma causa ou propósito... Pessoas que mergulham mais fundo em seus projetos conseguem prevenir-se do definhamento e preservam, na maior parte, a felicidade pré-pandemia”. Ingressar, mergulhar e permanecer no fluxo, e, se possível, sempre!

É isso, amigos. Não sabemos de verdade e em termos de saúde o que nos aguarda, mas sabemos que o importante é não parar, seguir, e não nos deixarmos cair na languidez, no fraquejar, amolecer, afrouxar... E Adam Grant conclui em seu diagnóstico, com o qual concordo integralmente e é o que tenho procurado fazer todos os dias dos últimos 24 meses, que: “O languishing, o definhamento, não encontra-se apenas em nossas cabeças, mas também se faz presente nos ambientes que frequentamos e vivemos, em nossas circunstâncias”.

E finaliza: “Você é incapaz de curar uma cultura doente com ataduras pessoais”.  Ou seja, e sempre, e enquanto o ambiente ao seu redor não evolui, recupera-se, e em algum momento volta a ser menos tóxico, permaneça Flux, concentrando-se em seus desafios pessoais e específicos...

É o que todos devemos fazer em todos os próximos meses, quem sabe, pelos próximos dois ou três anos.

Francisco Alberto Madia de Souza é consultor de marketing
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