“Não basta não ser racista, é preciso ser antirracista”, essa frase escrita pela filósofa e ativista Angela Davis explica tudo.
Sabemos que pessoas brancas estão no topo da pirâmide social e desfrutam de privilégios que as negras não têm acesso. Isso é consequência do racismo. Essa estrutura de opressão está enraizada na formação social do brasileiro. Se o racismo não for confrontado ou combatido, a baixa presença de negros em posições de liderança não será resolvida.
Segundo um estudo do Censo Multissetorial da Gestão Kairós de 2022, 80% dos cargos de lideranças das empresas brasileiras são formados por homens brancos. Levando em consideração que os negros representam 56% da população brasileira, é evidente a discrepância. Essa disparidade é um reflexo da mentalidade colonial e escravocrata do país e da falta de políticas públicas que permitam a igualdade salarial e de cargo entre a população branca e a negra.
Nós, pessoas brancas, temos dificuldade em reconhecer os privilégios, e isso é um ponto a observar, mudar e questionar. Qual seria o nosso papel na luta antirracista? É necessário muito letramento racial para combater a estrutura racista existente. É essencial falar sobre esse tema a todo tempo, educar as pessoas de nosso convívio, alertar e combater. E, principalmente, acreditar que é possível mudar este cenário.
A branquitude tem que ser aliada na luta antirracista não apenas no discurso, que fica muito bonito nas palestras, mas também nas ações, para que de fato acelere as mudanças e os impactos positivos que podemos ajudar a construir daqui para frente. É nosso papel como branco reconhecer o protagonismo negro e dar espaços para nos converter da nossa responsabilidade histórica. Não dá mais para mantermos o discurso de que “não sabemos como mudar isso", tivemos bastante tempo para entender as atrocidades cometidas em anos de escravidão e agora necessitamos caminhar ao lado de igualdade social para todos. Já estamos atrasados!
Helena Gusmão é cofundadora da agência criativa e produtora de imagem Silva