Sofro bullying dos meus sócios: me chamam de “rei das metas”. “Lá vem o Saulo com outra meta”, “Nós batemos a meta do Saulo?”, e por aí vai. Mal sabem eles que já fui muito pior.
Havia um tempo que tinha metas para tudo: quero ser diretor antes dos 30, ter três filhos, sendo que o primeiro com 35 anos, quero ganhar X reais por ano.

Tinha tudo planejado e indo bem, mas de repente, algo começou a crescer em mim, um sonho: queria ver o mundo.

Sonhos são danados, quanto mais você pensa neles, mais crescem. Até que um belo dia, ficou maior que minhas metas de curto prazo. Foi num Réveillon que convenci a Renata, minha namorada até hoje, a largar nossos empregos felizes e promissores e dar a volta ao mundo.

Tive de adiar metas e pensar no sonho maior. Sou cabeça dura, planejamos toda a viagem por um ano.

Tinha metas do que deveria ver em cada cidade dos 23 países que visitamos.
Claro, depois de 3 meses de viagem estávamos exaustos.

Essa vida de check-lists não daria certo.

Mudamos e deixamos tudo mais solto e leve na viagem.

Depois de visitar tantos lugares e povos, aprendemos que o que realmente importa são as pessoas e não as paisagens.

Em meio a tantas culturas diferentes acabamos por compreender que existem muitas formas de caminhar pela vida.

Minhas metas não valiam mais como única fórmula de sucesso.

Aprendemos que o sucesso talvez possa ser medido em risadas, na saúde e nos
amigos que se têm, na família que cultivamos, ou, para resumir, na felicidade que se tem.
E não existe parâmetro mais pessoal que a felicidade, talvez existam quase 8 bilhões de maneiras diferentes de ser feliz… sem preconceitos, sem julgamentos…

Essa passagem na minha vida me ajudou muito a perseguir mais um sonho, empreender.
Assim como na viagem de volta ao mundo, venho muito bem acompanhado do Forli, Toni e Léo, meus sócios, que entendem que ainda tem “tô aprendendo a diminuir essa pressão das metas” e curtir mais as trilhas e picadas do caminho.

Cocriar a monkey-land tem sido transformador, inspirador e, acima de tudo, motivo de grande felicidade e aprendizados.

Devagar eu vou entendendo que as metas são marcos pela estrada, mas a bússola é o sonho. Tem sido realmente uma viagem e tanto.

Saulo Sanches é sócio fundador da Monkey-land