Na semana passada, a notícia do acordo de cessar-fogo entre Israel e Hamas trouxe um alívio ao coração do mundo.

Enquanto a poeira baixa sobre o conflito, a visão de reféns retornando para casa e a pausa nos combates em Gaza resgatam a humanidade em um dos seus dramas mais antigos e dolorosos.

Esta trégua, ainda que provisória e repleta de desafios, não é apenas um feito diplomático; é um lembrete importante de que, mesmo nos abismos da violência, a esperança pela paz é a força motriz que une nações.

Outro evento deve ser lembrado. No próximo mês, o Brasil sediará a COP30 em Belém, no coração da Amazônia.

E o que pode haver em comum entre um acordo de paz no Oriente Médio e uma conferência sobre o clima?

Ambos os eventos representam a necessidade urgente de cooperação multilateral e a crença inabalável em um mundo melhor.

A COP30, a 30ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, é a nossa “trégua climática” global.

Embora a logística de Belém, incluindo a estrutura hoteleira, apresente desafios previsíveis para um evento dessa magnitude, a pauta central é de fundamental importância para o futuro da humanidade.

A crise climática é a guerra invisível que ameaça a todos, e a Amazônia, como sede, amplifica a urgência e o protagonismo do Brasil em oferecer soluções baseadas na natureza e na transição energética.

A ameaça do aquecimento global, que caminha para ultrapassar a meta de 1,5°C estabelecida no Acordo de Paris, exige que os países não apenas renovem, mas intensifiquem seus compromissos, suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs).

O multilateralismo, a despeito do ritmo lento e dos interesses divergentes, continua sendo a única ferramenta capaz de enfrentar desafios que transcendem fronteiras.

A diplomacia que medeia a paz no Oriente Médio é a mesma que deve mediar a sobrevivência do planeta na COP30.

Neste cenário de mobilização, a responsabilidade se apresenta em três pilares essenciais:

  1. Países: O Compromisso da Governança Global. A COP30 será o palco onde os governos devem reafirmar a ciência e a necessidade de ação imediata.

O desafio é transformar promessas em ação concreta, garantindo financiamento climático e tecnologias renováveis para os países em desenvolvimento.

2. Empresas: O Alinhamento Estratégico com os ODS. O setor privado não pode mais dissociar o lucro da responsabilidade social e ambiental.

É imperativo que as organizações incorporem os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, especialmente o ODS 13 (Ação Contra a Mudança Global do Clima), em seus planejamentos de negócios.

Gerenciar riscos climáticos é, hoje, gerenciar a própria continuidade do negócio.

Investir nos ODS não é caridade, mas uma estratégia de sobrevivência e aumento de valor corporativo em sociedades que exigem sustentabilidade e inclusão.

3.Indivíduos: A Ética do Cotidiano. A maior mobilização, contudo, começa em cada um de nós.

Paz é mais do que a ausência de guerra; é uma atitude de respeito socioambiental e de ética no dia a dia.

É a escolha de consumo, a defesa da ciência e a vigilância constante sobre as políticas que afetam o futuro coletivo.

A trégua em Gaza e a Conferência do Clima na Amazônia são faróis que apontam para o mesmo destino: a busca por um futuro onde a coexistência e a sustentabilidade sejam a norma, e não a exceção.

A esperança não está apenas nos acordos de cúpula, mas na mobilização incessante de toda a sociedade em prol do bem comum.

Alexis Thuller Pagliarini é sócio-fundador da ESG4
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