Estamos vivendo uma virada de chave no universo das viagens de incentivo. Ficou para trás o tempo em que o sucesso de uma iniciativa era medido apenas por número de participantes ou destinos deslumbrantes. Hoje, o que realmente importa é a capacidade de gerar conexões genuínas, emocionais e duradouras com as pessoas que fazem parte dessa jornada.
Durante muito tempo, justificamos investimentos com métricas frias: bilhetes emitidos, roteiros cumpridos, logística bem executada. Porém, esses números, por si só, já não são suficientes para responder à pergunta essencial: que transformação concreta essa experiência proporcionou para o negócio e para os participantes?
O cenário atual exige presença com propósito, conexão emocional verdadeira e continuidade na experiência vivida. Uma viagem de incentivo pensada com estratégia não começa no embarque, nem termina no desembarque. Ela se conecta à cultura da empresa, antecipa emoções, reconhece conquistas, inspira atitudes e gera transformações. Mais do que retorno financeiro imediato, buscamos impacto contínuo — o retorno do engajamento (ROE – return on engagement).
E esse retorno pode ser medido. Há casos de empresas que, 30, 60 e até 90 dias após a viagem, perceberam aumento consistente na adesão a programas internos, maior participação em campanhas de inovação e melhoria nos indicadores de clima organizacional. Em alguns casos, até mesmo a produtividade de determinadas áreas registrou crescimento, impulsionada pelo senso de pertencimento fortalecido durante a experiência.
O engajamento começa muito antes da viagem, com um mergulho profundo no perfil do público, interpretação de dados e compreensão dos diferentes comportamentos. A construção da experiência deve traduzir com autenticidade os valores e o posicionamento da marca, pois cada elemento transmite uma mensagem. O impacto real aparece semanas após o retorno, nos feedbacks espontâneos, nas mudanças de postura e nos resultados consistentes que surgem. Não se trata do volume de fotos postadas, mas da qualidade das conversas, do senso de pertencimento e do desejo de continuar contribuindo. E mesmo quando a viagem tem objetivos claros e métricas definidas, é fundamental evitar que a experiência se torne engessada: a flexibilidade na programação e a criação de momentos de espontaneidade ajudam a manter a autenticidade e a conexão emocional. E tudo deve ser feito com cuidado, é claro. Não se pode permitir que uma viagem prazerosa, pensada para reconhecer colaboradores competentes, se transforme em algo chato e demasiadamente corporativo. A diversão é essencial e deve caminhar lado a lado com os objetivos estratégicos.
Mais do que reconhecer com uma viagem, é fundamental construir valor em parceria com o público interno, criando experiências que gerem impacto real e acompanhando não apenas o nível de satisfação, mas as mudanças significativas que elas provocam. A liderança contemporânea não busca apenas transportar pessoas para novos destinos, mas conduzi-las a novas percepções, maior engajamento e evolução na forma de atuar.
Carol Rachid é diretora de incentivos da TV1 Incentivos