O ano é 2018. Estou em Cannes para mais um Cannes Lions Festival. Em pleno verão de junho na Riviera francesa, assisto a uma palestra num dos locais alternativos do festival, que invadia – literalmente – as praias em frente à Croisette.

Lá estava eu sentado num dos pufes colocados sobre a areia, tendo um tablado à minha frente, servindo de palco para palestras e debates. Extrapolando o Palais des Festivals, que abriga o evento, o Cannes Lions ocupa esses espaços na praia, criando um ambiente interessante para palestras paralelas.

Pois bem, a MC começa a apresentar os palestrantes e debatedores, quando chega espalhafatosamente uma senhora, se ajeitando como pode no pufe ao meu lado. Eu a reconheço. Era Faith Popcorn, a futurista, consultora e autora de livros de grande sucesso, dentro eles The Popcorn Report e EVEolution. Do alto dos seus – à época – 75 anos, Faith não passa despercebida.

Dividi minha atenção entre o debate, que contava com os CMOs da P&G e Unilever, e a lendária Faith Popcorn, ali do meu lado. Mais tarde, já na programação principal do festival, a vi participando do painel The death of masculinity (A morte da masculinidade).

No mesmo evento, a Getty Images divulgava o seu estudo de tendências, incluindo um tópico sob título Masculinity Undone (Masculinidade Desfeita). Alguns homens poderiam estar incomodados com esses conteúdos voltados a rever a masculinidade. Os mais antenados, porém, já vinham acompanhando conteúdos semelhantes, voltados ao empoderamento feminino e à desconstrução do tipo “macho man”.

Eram tempos de discussão acirrada sobre o papel da mulher na sociedade. No ano anterior, naquele mesmo festival, o case mais premiado foi Fearless Girl, uma estátua de uma jovem altiva, sem medo, instalada bem em frente ao famoso touro de Wall Street. Uma ação de um fundo de investimento, cujo portfólio reunia empresas lideradas por mulheres. Isso para comemorar o Dia Internacional da Mulher.

De lá para cá, as discussões sobre o tema do empoderamento feminino estão mais amenas, até porque é flagrante o crescimento da presença feminina no mundo empresarial e a atenção crescente dada à igualdade de gêneros em tempos de ESG. Nesta semana em que se comemora mais um Dia da Mulher, me veio essa reflexão e a constatação da conquista crescente de espaço pelas mulheres.

Sei que ainda temos de ficar alertas e buscar equidade de gêneros em todas nossas ações, mas é inegável o avanço nos últimos anos. O próprio Cannes Lions Festival faz questão de contar com um número de mulheres, no mínimo, equivalente ao de homens no seu cast de palestrantes e debatedores, além do júri.

Trazendo para a nossa realidade brasileira, minha reflexão chega bem perto à minha atuação como presidente-executivo de uma associação, a Ampro. Na liderança do corpo executivo estão duas mulheres – as novas VPs Alexa Carvalho e Priscila Ritton – e dois homens – VP Ricardo Beato e eu.

No conselho da entidade, o número de mulheres se equivale ao de homens, o que garantiu à Ampro o selo WOB (Women on Board). No júri do Ampro Globes Awards 2021, não descansamos enquanto não conseguimos o equilíbrio entre mulheres e homens, além da participação expressiva de negros.

A própria presidente foi uma mulher: Adriana Cury. Nos comitês também temos líderes femininas em número equivalente ao de homens. No time de gestão executiva, temos o dobro de mulheres, em relação aos homens.

Cito esse quadro que está mais próximo de mim apenas como um exemplo. Para onde olhamos, vemos mulheres conquistando seu espaço. Embora, em alguns casos, ainda precisemos interferir e forçar por uma igualdade, a tendência é encarar isso tudo com naturalidade. E é assim que tem de ser. Então, quero usar este espaço para uma homenagem às valorosas mulheres que fazem parte das nossas vidas. Que não precisemos mais ficar lembrando seu valor e forçar por uma igualdade de gêneros. Feliz dia, mulheres!

Alexis Thuller Pagliarini é presidente-executivo da Ampro (Associação de Marketing Promocional) alexis@ampro.com.br