Os defensores dos critérios ESG ainda são vistos por alguns como os “abraçadores de árvores”. Para esses, somos aqueles sonhadores utópicos que disseminam práticas vistas como irreais num mundo competitivo, onde o que vale é o lucro. Como se fôssemos freiras num bordel.

Ao tentar convencer um amigo gestor de empresa a adotar um programa ESG ouvi: “Tudo muito bonitinho e certinho, mas agora me dá licença que eu tenho uma meta a bater”.

Isso foi há algum tempo. Hoje, ele é meu cliente e mantém um programa de gestão em consonância com os critérios ESG e está muito satisfeito com a sua decisão.

Ele, como muitos outros, perceberam que a adoção de critérios de respeito socioambiental e governança ética não é excludente ao lucro.

Ao contrário: relatórios da S&P Global revelam que empresas com melhores ratings ESG apresentam um desempenho superior no mercado.

O índice S&P 500 ESG, por exemplo, que avalia o desempenho de empresas com base em critérios ESG, tem consistentemente superado o S&P 500 tradicional.

De acordo com um estudo da MSCI, empresas com altos ratings ESG apresentaram retornos anuais médios de 4,18% acima das empresas com baixos ratings ESG nos últimos 10 anos.

Os benefícios de uma aplicação de critérios ESG são cada vez mais tangíveis e comprováveis e se devem por conta dos seguintes pontos:

1- Redução de Riscos: Empresas que adotam práticas ESG eficazes conseguem mitigar riscos relacionados a mudanças climáticas, desastres ambientais e questões de direitos humanos. Por exemplo, uma empresa que invista em tecnologia para reduzir suas emissões de carbono pode evitar futuras regulamentações ambientais restritivas e custos associados.

2- Acesso a Capital: Investidores estão cada vez mais atentos às práticas ESG ao tomar decisões de investimento. Fundos de investimento sustentáveis têm atraído grandes volumes de capital, e empresas com bons ratings ESG têm mais facilidade em captar recursos no mercado.

3- Eficiência Operacional: Práticas ESG podem levar a uma maior eficiência operacional. A implementação de processos para reduzir o desperdício e melhorar a eficiência energética não só beneficia o meio ambiente, mas também reduz custos operacionais.

4- Engajamento de Stakeholders: A adoção de políticas ESG robustas melhora o relacionamento com os stakeholders, incluindo clientes, funcionários, fornecedores e comunidades locais. Empresas que se comprometem com práticas justas e transparentes tendem a ganhar a confiança e lealdade dos consumidores e a atrair e reter talentos.

5- Reputação: Empresas que demonstram uma atuação genuína e consistente em torno de ESG são melhor vistas pela sociedade, cada vez mais crítica em relação à atitude das empresas.

Apesar dessas constatações irrefutáveis dos benefícios de práticas ESG, ainda existem – e são muitos – os gestores oriundos de uma escola que prega agressividade nos negócios e a busca de lucro a qualquer custo.

A ousadia e a agressividade empresarial se contrapõem ao capitalismo consciente como se fossem conflitantes. E não são!

Você pode ser um gestor focado no lucro e de práticas agressivas sem, porém, deixar de lado o respeito às melhores práticas ESG.

O perfil do gestor procurado pelos headhunters mudou bastante nos últimos 10 anos.

Hoje, busca-se um profissional comprometido com o resultado, sim, mas com práticas mais sensíveis e respeitosas, engajando times diversos e colaborativos e mantendo uma relação empática com stakeholders e a sociedade como um todo.

Por isso, fica a dica: não pense em ESG apenas por um lado altruísta, enlevado.

Adote ESG pensando do lucro e na perenidade de negócios. Essa é a nova forma de gerir negócios com eficiência!

Alexis Thuller Pagliarini é sócio-fundador da ESG4
alexis@criativista.com.br