Com 103 anos de história no Brasil, o rádio é uma mídia que sempre teve como característica a relação afetiva com os ouvintes. E mesmo diante do tsunami digital, esse legado e a credibilidade do meio permanecem. Sua relevância também se dá em razão de seu alto alcance - chega a 79% das regiões metropolitanas do país -, e agora para além do dial, com a ampliação do conteúdo das emissoras para canais online como YouTube, serviços de áudio sob demanda e aplicativos próprios.
A expansão do consumo multiplataforma de áudio favorece muito o chamado rádio tradicional. Tem muita notícia boa para o meio, que detém 4% do share das verbas publicitárias no mercado, com R$ 1,046 bilhão de faturamento, segundo o Cenp-Meios 2024.
Companheiro diário de muitos brasileiros que carregavam no passado o aparelho de rádio debaixo do braço, o áudio pode ser acessado hoje de várias formas. Seja no rádio tradicional, no streaming ou em podcasts, o som faz parte da vida das pessoas diariamente - e chega a ser até ‘íntimo’, afinal, todo mundo escuta música, podcasts e ainda quer ouvir o locutor ou a programação na sua rádio preferida. Por isso, é território estratégico para marcas que buscam proximidade com o público, haja vista o sucesso de audiência do programa ‘Pânico’ transmitido de segunda a sexta-feira na hora do almoço pela Jovem Pan.
A partir deste ano, o país oficializou o Dia Nacional do Rádio em 25 de setembro, conforme lei sancionada pelo governo federal. A data é uma homenagem ao nascimento, em 1884, de Roquette Pinto, considerado o pai da radiodifusão no Brasil e responsável pela primeira transmissão ocorrida no centenário da Independência, em 1922.
Na votação em janeiro, no Senado, do projeto que deu origem à lei, “foi enfatizada a capacidade adaptativa desse meio de comunicação para continuar sendo uma fonte acessível de entretenimento, informação e educação”, informou a Rádio Senado.
Para apresentar perspectivas e oportunidades, o propmark publica nesta edição o Especial Rádio assinado por Adrieny Magalhães, com análises, números do setor e depoimentos de profissionais de emissoras como CBN, Novabrasil, Grupo Bandeirantes, Itatiaia e Grupo Camargo (89, Alpha e Disney), que destacam o poder de tração do rádio.
O ‘Data Stories - Inside Audio 2025’, estudo da Kantar Ibope Media, mostra que 92% da população ouviu algum formato de áudio nos últimos 30 dias e destaca o impacto publicitário. Entre os ouvintes de rádio, 56% dizem prestar atenção nos anúncios e 43% já compraram ou pesquisaram um produto ou serviço após ouvir uma campanha sonora.
O rádio registra uma média diária de 3h47 de escuta entre os ouvintes. Nas capitais, os índices são ainda mais significativos, com Belo Horizonte (87%), Porto Alegre (84%) e Fortaleza (81%) liderando os níveis de alcance. A pesquisa também confirma a força do digital. Metade dos ouvintes de rádio ouviu ou baixou podcasts nos últimos três meses e 60% escutam música em serviços de streaming. Além disso, 70% sintonizam no dial.
Os profissionais ouvidos pela reportagem consideram que o áudio se transformou em um ecossistema multiplataforma. Em um mercado em que a disputa por atenção é feroz, o som acompanha o consumidor em situações que nem todas as mídias alcançam, como no deslocamento, no trabalho ou em atividades domésticas, por exemplo. Levanta a mão quem não é fã de rádio, mídia que não deve morrer nunca!
Destaque
O entrevistado desta semana é Allan Barros, CEO da agência Pullse, do Grupo Dreamers.
Frase
“Sem grande solidão, nenhum trabalho sério é possível” (Pablo Picasso).
Armando Ferrentini é publisher do propmark