Como profissional envolvida na indústria de publicidade e comunicação, não posso mais ignorar a urgência da crise climática que assola nosso planeta. Ao ler o apelo do Clube de Criação para as agências, na série Emergência Climática, e as advertências da ONU sobre os limitados dois anos que temos de prazo para evitar consequências ainda mais graves das já severas mudanças climáticas, sinto-me compelida a refletir sobre o papel das agências e das marcas nesse contexto.
Somos parte integrante de uma sociedade que valoriza o consumo e a produção em larga escala. No entanto, esse modelo de negócio tem um custo insustentável para o meio ambiente. Como criativos, temos o poder de influenciar comportamentos e moldar narrativas. Portanto, é nossa responsabilidade usar essa influência de maneira consciente e construtiva.
Chegou o momento de repensarmos nossas estratégias, priorizando a sustentabilidade e a responsabilidade social em todas as etapas do processo criativo. Precisamos abandonar a mentalidade de curto prazo em prol de uma visão de longo prazo que preserve os recursos naturais para as gerações futuras.
Isso não significa apenas criar campanhas de marketing com mensagens "verdes", o que, invariavelmente, resultam no chamado greenwashing, que inclusive podem gerar perda de credibilidade e rejeição às empresas que não praticam os discursos que promovem. Precisamos integrar a sustentabilidade em nossa cultura organizacional, em nossos produtos e em nossas práticas comerciais. Devemos nos comprometer com a redução de emissões de carbono, a minimização do desperdício e o apoio a iniciativas que promovam a preservação ambiental.
Como profissionais criativos, temos o poder de inspirar mudanças significativas. Não usarmos nossa capacidade de atuar como agentes de transformação cultural e aspiracional fundamentais para consolidar mudanças de hábitos em escala é a pior omissão em que podemos incorrer, pois seus efeitos não apenas comprometem nossa atual qualidade de vida. Ela põe em risco a existência das futuras gerações de todos os seres vivos. Não há briefing mais importante ao qual temos que responder com excelência e profundo compromisso com os resultados. E dentro de um prazo bem curto.
Luciana Brafman é fundadora da produtora Time To Act e se dedica à interseção entre arte e ativismo climático