Imagino que você, assim como eu, deve estar um tanto quanto angustiado com as notícias que vêm do Hemisfério Norte com os recordes de temperatura no verão de lá. Temperaturas batendo 50°C, gerando um ambiente insalubre para pessoas mais velhas e com menos recursos.

Geleiras derretendo numa velocidade nunca vista. Eventos climáticos de alto impacto em diversos lugares do planeta. Some-se a essa angústia a continuidade
da insensatez expressa no recrudescimento da guerra pelos lados da Rússia e da Ucrânia, com reflexos no mundo inteiro.

De fato, é difícil não se impactar com esse estado de coisas. Mas eu quero trazer um pouco de alento a esse quadro. Num outro lado da moeda, vemos iniciativas
positivas pipocando no mundo inteiro numa mobilização generalizada para evitar o aquecimento global acima
de 1,5°C.

E essa onda positiva não se dá necessariamente por consciência. Ela cresce na esteira dos negócios nesse imenso oceano azul. Placas fotovoltaicas diminuindo de custo a cada ano, viabilizando a energia solar, que bate recorde atrás de recorde de participação na matriz energética brasileira e mundial.

Juntamente com a eólica, que cresce em níveis semelhantes, essa modalidade tem ainda um efeito colateral muito importante para nós: ela beneficia uma região mais carente de investimento e geração de empregos, o Nordeste.

É lá que temos insolação o ano inteiro e ventos de qualidade para geração de energia renovável. Temos ainda os olhos voltados para a Amazônia, onde existe um potencial imenso de monetizar a floresta de pé, por meio do mercado de créditos de carbono e da biodiversidade.

Com isso tudo, o Brasil ganha um protagonismo oportuno em âmbito internacional. Uma matriz energética limpa, como a do Brasil, é rara no mundo – senão única – e isso pode gerar riqueza, empregos e qualidade de vida para os brasileiros.

E nem falamos ainda do potencial da biomassa e do hidrogênio verde, que corre por fora como alternativa energética limpa. Há uma clara janela de oportunidade para o nosso país. Mas eu não quero me ater ao Brasil neste artigo.

No exato momento em que escrevo este texto, há, no mundo inteiro, muita gente pensando em soluções viáveis para diminuir a pegada de CO2 e GEE (Gazes de Efeito Estufa).

Talvez não consigamos atingir plenamente todos os 17 ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – estabelecidos pela ONU, tendo como data-limite 2030.

Mas a mobilização cresce em progressão geométrica. A consciência em torno da aplicação dos critérios ESG em todas as atividades cresce como nunca.

Como atuante nessa área, nunca fui tão demandado como agora para ajudar empresas a entenderem e aplicarem os princípios de sustentabilidade ambiental, social e ética. Devemos admitir que essa adesão nem sempre se dá por mera consciência, mas por pressão do mercado.

Uma grande empresa é pressionada por razões financeiras e é instada a engajar seus fornecedores, que, por sua vez, pressiona toda a cadeia, criando um tsunami do bem. É esse fenômeno que me faz otimista em relação ao futuro. E a onda não é só ambiental.

Há progresso na área social também, com uma crescente preocupação das empresas mais conscientes em criar um ambiente mais respeitoso, diverso e inclusivo na sua estrutura.

Essa atitude também não é simplesmente por consciência, mas uma forma de atrair e reter talentos da geração Z, cada vez mais críticos e seletivos na escolha de empresas para trabalhar.

Pelo lado da ética e da transparência, a imprensa séria e as redes sociais estão sempre atentas, apontando imediatamente desvios e trazendo à tona o que antes ficava escondido. Isso tudo traz um contraponto às agruras do mundo e nos faz esperançar por um futuro melhor. E ele virá embedado nos princípios ESG. Eu acredito!

Alexis Thuller Pagliarini é sócio-fundador da ESG4
alexis@criativista.com.br