Enquanto escrevo este texto, já de volta ao hotel depois de mais um dia intenso de palestras e encontros no South by Southwest 2025, fica difícil não pensar que estamos diante de um ponto de virada no mundo do trabalho, da comunicação e das relações humanas. O maior festival de inovação e criatividade do mundo trouxe previsões sobre tecnologia e inteligência artificial que, se antes pareciam distantes, agora são uma realidade batendo à nossa porta.

A sensação, ao sair de cada painel, é de que a transformação não é mais uma tendência, ela é presente. E nesse novo presente, as conexões humanas ganham um valor que nem a melhor tecnologia pode substituir. As fofocas no trabalho, uma nova perspectiva sobre cultura organizacional

Começo pelo inesperado: Amy Gallo e sua palestra sobre o papel das fofocas no ambiente de trabalho. Sim, fofocas. Em pleno SXSW, ela trouxe um olhar humano e sensível sobre um comportamento que tentamos evitar, mas que é parte da nossa natureza. Longe de serem apenas ruído, as fofocas podem fortalecer vínculos, espalhar normas culturais e até distribuir poder de forma mais horizontal dentro das organizações.

A provocação de Amy foi clara, em vez de proibir, é preciso entender e gerir. Como líderes, devemos criar espaços seguros para conversas abertas e resolver problemas que alimentam rumores, em vez de ignorá-los. No fundo, é sobre entender que o diálogo, mesmo informal, pode ser um poderoso instrumento de cultura e pertencimento.

Já Ian Beacraft foi direto ao ponto: a IA não veio para apenas otimizar processos, mas para transformar a maneira como pensamos e fazemos negócios. Ele introduziu o conceito dos “generalistas criativos”, profissionais capazes de transitar por diferentes áreas, com a IA como aliada para impulsionar a inovação e a resiliência.

A provocação de Ian sobre a transição de big data para small data é especialmente relevante. Não se trata mais de coletar tudo, mas de identificar pequenos conjuntos de dados realmente valiosos, que ajudam a construir conhecimento interno e diferencial competitivo. É a velha máxima: menos pode ser mais, se você souber onde olhar.

Scott Galloway trouxe à tona um tema que ficou ecoando em muitas conversas pelos corredores do evento: a solidão será o grande desafio social da próxima década. Em um mundo hiperconectado, mas superficialmente engajado, criar espaços para relações autênticas será fundamental.

E aqui, para nós do live marketing, mora uma grande oportunidade. As marcas que entenderem seu papel como criadoras de experiências que geram pertencimento e conexão verdadeira sairão na frente. O futuro não é sobre vender um produto ou serviço, mas sobre entregar encontros que façam sentido para as pessoas.

Enquanto volto para o hotel e revisito cada insight do dia, fica claro que o live marketing tem uma missão ainda mais relevante neste novo cenário: ser a ponte entre a tecnologia e a humanidade. A IA pode até orquestrar a personalização em tempo real, mas são as experiências genuínas que criam memórias. Na Eagle Agência, temos a certeza de que o futuro do live marketing será híbrido e a tecnologia será apenas uma ferramenta para amplificar aquilo que realmente importa: a conexão humana. O futuro não cabe mais nos contêineres do passado. Cabe a nós desenhar, com criatividade e responsabilidade, as novas formas de trabalhar, comunicar e nos conectar.

Brenda Maia é CEO da Eagle Agência