Quando iniciei minha jornada como empresário do segmento da economia criativa, em 2000, o Brasil vivia outro momento. Falar de cultura, de economia criativa, de entretenimento como um setor estratégico ainda não era visto com a altura da relevância atual. Mas sempre entendi, com intensidade, que era preciso pensar adiante. Inovar. Seguir na “contramão”. Acreditava que música, teatro, dança, ideias e experiências também eram ferramentas de transformação.
Acreditava no talento de um país que é a casa de gigantes como Gilberto Gil, Fernanda Montenegro, Pedro Bial, Caetano Veloso, Marcos Nanini, Maria Bethânia e Ney Latorraca, entre tantos outros. E, principalmente, acreditava no poder das conexões humanas.
Vinte e cinco anos depois, essa crença só se fortaleceu, e eu também. Foi com ela que construí a minha cia., a L21 Corp, que hoje completa um quarto de século dedicada à arte de criar e transformar.
E não posso falar sobre ela sem citar a inquietação constante que me move. De alguma forma, a L21 sempre foi uma extensão do que eu sou: curioso, apaixonado por gente, por arte, por cultura — que, reitere-se, molda a personalidade de um país — e que nunca achou que “fazer mais do mesmo” era suficiente. O que sempre busquei foi provocar. Pensar diferente. Fazer com que as pessoas sentissem algo verdadeiro. A zona de conforto, para mim, sempre foi desconfortável demais. E isso só é possível quando você está disponível para escutar o mundo, e não apenas para vender algo a ele. Estar presente é tão essencial quanto planejar o próximo passo.
Claro que nem tudo deu certo. Já errei, me frustrei. Mas continuo aqui, aprendendo todos os dias. Porque empreender é isso: construir no improviso, com um pé na ousadia e o outro no abismo. É saber que você não vai agradar todo mundo, e ainda assim seguir fiel ao que acredita. Fiel à sua verdade.
E eu acredito. Acredito que a criatividade é o diferencial competitivo do nosso tempo. Que a cultura é uma força econômica, SIM — afinal, a economia criativa movimenta cerca de R$ 230 bilhões por ano e emprega aproximadamente 7,8 milhões de pessoas no Brasil —, mas, mais do que isso, é o que nos humaniza, nos conecta, nos inspira e nos marca.
Às vezes me perguntam: “Como manter o fôlego depois de tanto tempo?”. A resposta é simples: nunca fiz nada sozinho. Cada projeto, cada palco aceso, cada espetáculo, cada festival, cada conversa que virou ideia e depois realização… tudo isso só aconteceu porque sempre tive gente comigo. Gente talentosa, comprometida, apaixonada. Não tem fórmula mágica. Tem trabalho, escuta, generosidade, respeito e vontade de construir algo maior que o próprio ego.
Criamos coisas que impactaram, surpreenderam e ficaram. Que marcaram as cidades, a cena, a memória e a vida de alguém. E isso não tem preço. São 17 unidades de negócios atualmente que impactam a vida de cerca de 48 milhões de pessoas todos os anos. Pessoas reais, com histórias reais, tocadas por algo que nasceu de uma ideia.
Se eu pudesse dar um conselho para quem está começando agora, seria esse: cultive o seu repertório. Alimente a sua curiosidade. Leia. Vá ao teatro. Ouça música. Assista à vida. Troque com os outros. E não tenha medo de mudar de rota quando for preciso. O sucesso, no fim das contas, não é um lugar. O sucesso é hora a hora, dia a dia, de uma busca, portanto, sem fim. Desde que você acredite. Ponto.
Luiz Calainho é CEO e fundador da L21 Corp