A onda recente de fusões e consolidações na indústria global de publicidade, en tretenimento e mídia acende o alerta para um modelo de agrupamento de ope rações nunca visto antes. A conclusão da compra do IPG (Interpublic Group) pelo Omnicom deu origem ao maior grupo de comunicação global, com receitas combinadas de US$ 25,6 bilhões, e acabou com marcas consagradas da propaganda mundial, como DDB, FCB e MullenLowe.
O impacto será enorme com o redesenho das agências. O Omnicom anunciou que as redes DDB e MullenLowe serão incorporadas à TBWA, enquanto a FCB foi absorvida pela BBDO. Mas o que o grupo não explicou ainda é como as agências locais debaixo do guarda-chuva dessas redes ficarão.
Conforme o propmark noticiou, a DM9 (que está abaixo da DDB) será extinta, bem como a Lew’Lara\TBWA e a ID\TBWA, dando origem à nova TBWA Brasil. Segundo fonte, a solu ção pela união das agências envolveria a saída de Marcia Esteves da posição de CEO e de sócia da Lew’Lara, sendo que a nova TBWA Brasil passaria a ter a liderança tríplice de Pipo Calazan e Thomas Tagliaferro (CEO e COO da DM9) e Camila Costa (CEO) da ID.
O Omnicom enviou comunicado ao jornal negando a unificação das agências. A holding afirmou que não há planos definitivos aprovados para o Brasil no momento e informou que as mudanças serão anunciadas em janeiro.
Ainda segundo fonte do propmark, o Omnicom vai manter inalterada a gestão da Almap- BBDO, que fica no guarda-chuva da rede BBDO. Também hoje sob a rede DDB, a Africa Creative, comandada por Sergio Gordilho e Marcio Santoro, permanecerá como marca independente. Já Luiz Lara (atual chairman da TBWA no Brasil) se tornaria consultor da área de advertising do Omnicom e não teria função executiva na nova operação. Lara, que deixa a presidência do Cenp (Fórum da Autorregulação do Mercado Publicitário) em março do ano que vem, negocia a venda de suas ações com o Omnicom.
Na semana passada, a confirmação da mega-aquisição da Warner Bros. Discovery pela Netflix também sacudiu o mundo do entretenimento e mídia. O negócio alarmou o mer cado do audiovisual devido à concentração que a Netflix vai ter sobre o universo das produções, incluindo a possível diminuição na ‘janela’ de lançamento entre a exibição de um filme nas salas de cinema e a disponibilização no streaming, o que enfraqueceria as telonas.
A operação consolida sob o mesmo grupo econômico o acervo de franquias e proprie dades intelectuais da Warner Bros., incluindo títulos como ‘The big bang theory’ e ‘Game of thrones’, e o Universo DC, além do portfólio global da Netflix.
Embora o acordo ainda dependa de análise regulatória, a Paramount jogou mais dúvi das no cenário ao fazer uma oferta de US$ 108,4 bilhões pela Warner, poucos dias depois do anúncio da compra pela Netflix, cuja proposta é estimada em US$ 82,7 bilhões. Até o momento, a Netflix e a Warner não comentaram publicamente a oferta concorrente.
Retrospectiva
O Especial Retrospectiva 2025 do propmark, publicado nesta edição, mostra que a ma nipulação de algoritmos e a regulamentação de plataformas estiveram entre os temas mais discutidos no ano.
E apesar de o mercado publicitário no Brasil ter crescido - segundo o último relatório divulgado pelo Cenp-Meios, houve avanço de 9,07% nos investimentos em mídia via agências entre janeiro e setembro de 2025, movimentando R$ 19,4 bilhões -, pesquisas globais indicam tendência de pressão por eficiência e resultados no próximo ano.
Aviso aos leitores e anunciantes: a última edição impressa do propmark em 2025 cir cula no dia 22 de dezembro e a primeira de 2026 será em 12 de janeiro. O site será atualizado normalmente no período.
Frase: “As pessoas felizes lembram o passado com gratidão, alegram-se com o pre sente e encaram o futuro sem medo” (Epicuro)
Armando Ferrentini é publisher do propmark