Quando cheguei à Boiler Filmes em 2022, eu não tinha apenas um cargo novo — eu tinha um propósito claro.
Eu queria ajudar a construir uma produtora que fosse mais do que um lugar de entrega: queria criar um espaço onde as pessoas se sentissem vistas, ouvidas e
essenciais.
Pouco tempo depois, eu me tornava mãe. Minha filha, que hoje tem 1 ano e 9 meses, não transformou só minha rotina; ela transformou meu olhar para o mundo e para as relações.
Aprendi na prática o que Brené Brown descreve tão bem: vulnerabilidade não é fraqueza, é a essência da coragem.
E percebi que o que funciona no amor também funciona na liderança: estar presente, ouvir de verdade, admitir quando não sabemos, pedir ajuda, reconhecer limites.
Como diz um amigo: família não é uma democracia. E eu descobri que uma produtora por muitas vezes também não é.
Decisões não tão populares e, por algumas vezes, apostas de risco precisam ser tomadas pelo bem comum.
Na Boiler, fomos redesenhando a cultura juntos. Começamos pelo “por quê”: por que fazemos o que fazemos, por que essas histórias importam, por que estamos aqui.
E quando o propósito está claro, como Simon Sinek escreve, o “como” e o “o que” ganham sentido. Liderar passou a ser menos sobre dar ordens e mais sobre inspirar confiança, criar segurança psicológica, abrir espaço para que cada pessoa possa colocar sua melhor versão no jogo.
Entendi também que um líder não precisa ter um cargo para exercer influência. Cada pessoa da equipe tem o poder de impactar o outro, de cuidar do grupo, de fazer escolhas que fortalecem a cultura que queremos construir.
Como Sinek lembra em ‘Os líderes comem por último’, liderança é colocar as pessoas em primeiro lugar.
É criar um círculo de confiança onde todos saibam que podem errar, aprender, crescer.
De 2022 para cá, a Boiler não foi só acumulando projetos de destaque, foi se tornando um lugar onde talentos querem estar porque sabem que aqui há espaço para ser humano. Uma empresa não é feita só de metas, é feita de gente.
E liderar gente exige, todos os dias, coragem para expor o próprio coração.
Maternidade e liderança se misturam na minha vida não como papéis que competem entre si, mas como experiências que se alimentam.
Ser mãe me lembra o tempo todo do poder do cuidado.
E liderar me lembra que cuidar não é carregar o mundo sozinha, é fortalecer o time para que ele caminhe junto.
Eu sigo acreditando que uma liderança verdadeira não se mede por cargos nem por conquistas individuais, mas pela capacidade de despertar propósito nos outros.
No fim, é isso que nos move e nos conecta.
E é isso que tenho buscado cultivar na Boiler, na minha casa e em mim mesma.
Juliana Martellotta é sócia e produtora-executiva da Boiler Fimes