Já não é de hoje que as empresas mais antenadas estão preocupadas com o meio ambiente, com a responsabilidade social e as boas práticas de uma governança ética e transparente. Mas, com a disseminação do acrônimo ESG e da cobrança crescente do mundo financeiro e da sociedade, como um todo, por uma atitude em consonância com os seus princípios, o tema ganhou um caráter de urgência.

Empresas cobram dos seus fornecedores a comprovação de que estão seguindo a cartilha ESG, a sociedade também exerce pressão junto às empresas e os consumidores condicionam sua decisão de compra às boas práticas dos provedores de produtos e serviços. Resultado disso tudo: o tema entrou definitivamente em pauta nas reuniões de diretoria e de conselho de empresas de todos os portes.

O que era algo nice to have, agora virou must. E aí vêm as dúvidas: como se adequar aos princípios ESG? Quais os parâmetros para comparar as atividades da minha empresa e saber se minhas práticas estão adequadas? Como comunicar minhas ações sem correr o risco de ser percebido como greenwashing?

De fato, não é simples tudo isso, principalmente porque temos três grandes áreas a cuidar: ambiental, social e de governança. E, além de olhar para dentro da operação da empresa, é preciso olhar para fora: de nada adiantará adotar uma conduta coerente com os bons princípios se os seus fornecedores não acompanharem.

Se o seu fornecedor pisa na bola, você também recebe cartão vermelho. Basta lembrar dos casos da Nike (fornecedores usando trabalho infantil) e Zara (fornecedores com funcionários submetidos a trabalho análogo à escravidão).

É preciso adotar um padrão de conduta dentro da empresa e estabelecer códigos e exigências aos fornecedores. Sim, é complexo. Mas isso não deve ser razão para não começar. Então, para ajudar aqueles que estão confusos, sem saber como começar, aí vão os 4 pontos que, na minha opinião, devem nortear seu movimento de alinhamento aos princípios ESG.

Ponto 1: Conheça os princípios e as nuances ESG e as 17 ODS da ONU. Você sabe que o E tem a ver com as questões ambientais, o S com os aspectos sociais e o G, de governança. Mas quais questões ambientais devem ser consideradas? Existem aquelas óbvias, relacionadas, por exemplo, ao consumo consciente de energia, à aplicação dos tais 3 Rs – Reduzir, Reutilizar, Reciclar – ou ainda à destinação apropriada de resíduos decorrentes da sua operação.

Do lado do S, existe a questão da equidade de gêneros, o afastamento de qualquer tipo de preconceito e um ambiente de trabalho respeitoso e igualitário. Pensando no G, chegamos à preocupação com as bases de convivência ética da diretoria ou conselho, a prevenção contra qualquer tipo de corrupção e as relações totalmente dentro da lei. Mas é preciso conhecer mais. É preciso um olhar também para além da operação da empresa. Que ações podem ser efetivadas em benefício de carentes ou discriminados?

Ponto 2: Envolva todos os stakeholders na escolha das ações. Antes de decidir por um programa de ações ESG, envolva e engaje todos os stakeholders. Pesquise junto aos seus clientes, sócios ou acionistas, fornecedores. Valide antes suas escolhas e dê materialidade a elas.

Ponto 3: Comece! Não espere o mundo ideal. Faça um plano de ação, determine recursos e responsáveis e faça acontecer num prazo exequível. O importante é começar. Com o tempo, outras oportunidades vão surgir e você pode incrementar o seu programa ESG.

Ponto 4: Comunique e reporte na medida certa. Cuidado com o greenwashing! Veja como você pode se aplicar a alguma certificação reconhecida pelo mercado ou elabore um relatório de atividades não
financeiras, de modo a demonstrar, de forma genuína e ponderada, o seu empenho em se alinhar aos princípios de melhores práticas.

Sei que esses 4 pontos ainda tratam do assunto de forma superficial. Mas espero que possam trazer insights interessantes para seus próximos passos.

Alexis Thuller Pagliarini é sócio-fundador da ESG4 - alexis@criativista.com.br