A dispersão da audiência é hoje o calcanhar de Aquiles dos veículos de comunicação. Cada um no seu quadrado e com seu público, o fato é que a qualidade da mídia brasileira está acima da média global. Produzir e transmitir conteúdo de qualidade virou regra básica, e não mais diferencial.
Mas, para além dos desafios de superar a concorrência, os veículos disputam a cada vez mais fragmentada atenção do público. Obviamente, o fenômeno da atenção fragmentada não é exclusivo do Brasil, mas ganha proporções ainda maiores em um país de dimensões continentais e de vasta diversidade.
Entre os principais canais da TV aberta, cada um se defende como pode. O SBT vai além e reforça a percepção de “TV mais feliz do Brasil” com o slogan histórico que acompanhou toda a trajetória do fundador Silvio Santos, cujo legado é reconhecido pelo país inteiro e segue firme e forte nas mãos das herdeiras.
Uma das entrevistadas do Especial Profissionais de Veículos desta edição do propmark, Daniela Abravanel, que assumiu como CEO após a morte de Silvio, afirma que a TV aberta é o oásis no deserto. Para ela, diante de um cenário multifragmentado, com tanta gente nova aparecendo, tanta dispersão de assunto, a TV aberta é um porto seguro.
É mais ou menos assim que os veículos tradicionais se firmam com um farol para o público se guiar, com informações verdadeiras, apuradas e checadas por jornalistas profissionais. “A credibilidade do meio está justamente no compromisso com a legislação e a curadoria editorial”, diz Daniela. O raciocínio da executiva diz tudo: “Como concessões públicas, nós respondemos por tudo o que colocamos no ar. Assim, o público tem a certeza de que não está diante de nada fake”.
A Record, por sua vez, investe em ampliação de portfólio, com novas propriedades capazes de gerar conexão real entre marcas e consumidores, como reforça o superintendente-comercial multiplataforma Alarico Naves.
Entre as apostas, o Brasileirão foi o grande marco, unindo a maior paixão nacional, o futebol, à relevância comercial da emissora paulista, “consolidando a Record como um player que entende a cultura brasileira e entrega valor consistente em múltiplas frentes de negócio”.
Por fim e não menos importante, a Globo continua apostando na relevância de criar narrativas fortes para engajar a audiência em torno de “uma mesma emoção”, de histórias que se transformam em rodas de conversa em casa, nos escritórios ou nas ruas.
Para a diretora-executiva da TV Globo, Leonora Bardini, a televisão aberta funciona como uma praça pública. “Isso é muito único em um país de dimensões continentais como o nosso. E por termos esse alcance, carregamos também uma responsabilidade enorme, refletida na credibilidade e prestação de serviço do nosso jornalismo, na diversidade de transmissões esportivas e no entretenimento de qualidade.”
Confira também no especial entrevistas com líderes de empresas de out of home e da big tech Meta, que, além de falar sobre os desafios da indústria da comunicação, discorrem ainda sobre suas trajetórias que, em sua maioria, são marcadas por decisões de risco e por apostas em inovação, principal motor de crescimento da mídia atual.
Frase
“É a capacidade de escolher que nos torna humanos” (citação da autora Madeleine L’Engle, contida no livro ‘Essencialismo’, de Greg McKeown).
Armando Ferrentini é publisher do propmark