Esse é o novo elogio que está aparecendo aqui e ali em conversas e postagens sobre publicidade original, simples e bem-feita: propaganda, propaganda!

Quando a ideia é original, forte, com roteiro bem escrito e produção impecável, mesmo que seja simples e econômica, o pessoal tá dizendo “Isso é propaganda, propaganda!”

Campanha com link imediato do que as pessoas estão sentindo de modo geral, aquela ideia que estava quicando para alguma marca? “Finalmente, propaganda, propaganda!”

Tema de uma marca que entra na vida das pessoas e passa a ser parte da cultura? “Propaganda, propaganda funciona!”

Palavras têm poder. E é ótimo ver e ouvir a palavra propaganda (que no Brasil significa publicidade comercial) voltar a ser usada com significados positivos.

E a própria expressão é bastante criativa em si, já que dois substantivos em sequência despertam em nossos pensamentos um adjetivo bastante original.

É um movimento como um todo. Os clientes também querem de volta conceitos fortes, campanhas criativas de impacto.

Aliás, os clientes têm amadurecido muito e criado resistência com as falsas promessas da publicidade invisível que têm arruinado muitas marcas valiosíssimas que sumiram das nossas vidas apesar de estarem ainda à venda.

Coisa boa também volta. E boa notícia, também é notícia. Para quem não abandonou o ofício, é ótimo ver esse resgate orgânico de uma profissão que tentaram esculhambar de todo jeito.

Nos últimos anos, se ouviu muita gente boa e talentosa dizendo que as agências tinham morrido, que propaganda tinha ficado no passado. Que era algo tão fácil que fariam dentro de casa. Que não era transparente, confiável etc.

Só hoje a gente sabe que a tática de destruir tudo o que está aí, para colocar outra coisa no lugar ou se colocar no lugar, foi amplamente praticada não apenas na propaganda. Funciona durante um tempo. Depois passa.

O trabalho do dia a dia grita. A entrega clarifica e o tempo é o maior filtro de bobagem que existe. A realidade nua e crua é que todo mundo hoje em dia deseja abrir uma agência de propaganda. Ou competir pela verba de propaganda.

Flavio Waiteman é sócio e CCO da Tech&Soul
flavio.waiteman@techandsoul.com.br