O PROPMARK desta semana trata de um assunto espinhoso para a grande maioria, já que religião e política sempre causam discussões acaloradas. Mas a reportagem aborda, na verdade, o quão o mercado publicitário desconhece a grande massa de consumidores nesse segmento. A reportagem lança uma questão fundamental para reflexão: “Marcas e agências realmente sabem quem tem o poder da palavra atualmente?”

Assim como outros segmentos da sociedade, como a população idosa, são esquecidos por um mercado ávido por novidade e o frescor da juventude, é bom que se tenha em mente que o número de fiéis, sejam católicos ou evangélicos, só aumenta.

A reportagem ouviu diversos estudiosos no assunto e um deles concluiu que “existe demanda por consumo de conteúdo religioso, e evangélicos são ágeis nessa oferta. O problema é que, do lado das agências, há desconhecimento e preconceito com relação a esse público”. Esta é a opinião do professor José Mauro Nunes, da FGV Ebape.

Com estruturas in-house, os players do setor impulsionam investimentos alheios ao mercado da comunicação. Para Nunes, o entendimento sobre diversidade, inclusão e representatividade contrasta com o despreparo dos profissionais para lidar com a fatia majoritária da população. Falta compreender essas pessoas para cumprir o objetivo da democracia de dialogar com aqueles que pensam de forma diferente.

“Tentar entender a sociedade apenas por intermédio da pauta progressista é trágico, porque temos grupos de baixa renda aderindo às pautas conservadoras, preocupados com filhos, emprego. Isso explica a popularidade do atual presidente dentro desse segmento”, afirma Nunes.  

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Vale a pena ler os detalhes da matéria de capa desta edição, assim como vale a pena comemorar o retorno de uma marca ícone da publicidade brasileira.  Isso mesmo. A DPZ voltou a ser DPZ e, segundo os atuais líderes da agência, que carrega as iniciais dos sobrenomes de Duailibi, Petit e Zaragoza, está olhando para o futuro. Muita gente deve ter gostado desse retorno, até porque uma parte considerável de profissionais passou pela agência dos gatinhos, na Cidade Jardim, em São Paulo. O nosso colunista Alexis Thuller Pagliarini, diretor da ESG4, por exemplo, é um deles, que enviou email falando da sua satisfação ao saber da volta da DPZ.

Ele argumenta que as três letras originais mudaram a história da propaganda brasileira. Mas fala também que a inclusão do “T”, na grafia DPZ&T, não manchou essa trajetória, “mas é bom ver de volta as três letras assim, na sua forma original”. “Ouso chamar a DPZ de ‘minha’ porque minha história profissional não seria a mesma sem a passagem por essa agência incrível”.

Pagliarini lembra ainda que a DPZ atual é uma agência especial, no entanto, nas décadas de 1980/1990, quando ele teve a sorte de estar por lá, “a DPZ era simplesmente o Olimpo da propaganda”.

“Era onde todos queriam estar. Era o sonho de consumo de clientes de todos os setores. Foi a primeira a trazer para o Brasil um cobiçado Leão do Cannes Lions Festival. Foi por onde passaram os profissionais que continuaram a história da propaganda brasileira”.

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Não deixe, caro leitor, de acompanhar ainda nesta edição a posse do presidente do Conar, Sergio Pompilio, na tarde última segunda-feira (25), em São Paulo. O mercado compareceu em peso para prestigiar o evento.

Armando Ferrentini é publisher do PROPMARK