No momento em que escrevo este artigo, é dado como certo o retorno de Donald Trump à Casa Branca.
A nova eleição de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos sinaliza um retrocesso significativo em relação à pauta ESG (Environmental, Social and Governance).
Na pauta ambiental, Trump representa uma facção conservadora que frequentemente nega a urgência das questões climáticas.
Na sua gestão anterior, adotou políticas que favoreceram a desregulamentação e o apoio a indústrias poluentes, minando os esforços para combater a emergência climática.
No mandato anterior, houve uma clara resistência à agenda ambiental. Seu governo tomou diversas medidas que reverteram regulamentações ambientais críticas, como a saída do Acordo de Paris, que visava a mitigação das mudanças climáticas.
A administração Trump também facilitou a exploração de combustíveis fósseis, autorizando a perfuração em áreas protegidas e reduzindo as restrições sobre emissões de carbono.
Essas ações não só retardaram os esforços globais para enfrentar a crise climática, mas também refletiram uma postura de negação em relação às evidências científicas sobre as mudanças climáticas.
No âmbito social, a presidência de Trump foi marcada por um aumento na retórica e nas políticas xenofóbicas e discriminatórias.
A construção do muro na fronteira com o México e a implementação de políticas de imigração severas exemplificam a sua abordagem excludente. Além disso, houve uma oposição notória aos avanços dos direitos LGBT e ao direito ao aborto.
A administração tentou reverter proteções legais para indivíduos LGBT, como a proibição de pessoas transgênero nas Forças Armadas.
No tocante ao aborto, Trump nomeou juízes conservadores à Suprema Corte, ameaçando os precedentes que garantem o direito ao aborto.
Em termos de governança, a gestão Trump foi caracterizada por práticas que muitos consideram predatórias e eticamente questionáveis. Trump frequentemente se vangloriou de utilizar manobras jurídicas para evitar pagar impostos sobre suas empresas, o que levanta sérias questões sobre a integridade e a transparência de sua administração.
Esse comportamento pode ser visto como um reflexo de um desrespeito às normas de boa governança corporativa, incentivando práticas que favorecem interesses pessoais e corporativos à custa do bem público.
Sem falar no seu mote ‘Make America great again’, carregado de um certo egoísmo e falta de empatia. Um país da importância dos EUA deveria adotar algo como ‘Make the world great again’, pensando na liderança dos EUA para um desenvolvimento global e não só na América.
Assim é o capitalismo consciente, de stakeholders: pensar em todas as partes interessadas e não olhar só para o próprio umbigo.
A resistência de Trump às regulamentações ambientais, juntamente com sua retórica divisiva e políticas excludentes, representou um retrocesso significativo para as agendas ambientais, sociais e de governança.
Empresas e investidores que valorizam a sustentabilidade e a responsabilidade social viram suas agendas ameaçadas por uma administração que priorizou desregulamentações e políticas que incentivam a discriminação e a desigualdade.
A eleição de Trump, portanto, significa um possível retrocesso para a pauta ESG nos Estados Unidos. A pauta ESG, já madura e consistente nas empresas, porém, pode determinar um contraponto importante a essa posição governamental.
As empresas já avançaram demais na sua agenda ESG para recuar. Líderes comprometidos com a sustentabilidade, a equidade social e a governança ética já perceberam que só a observância aos princípios ESG pode garantir um desenvolvimento verdadeiramente sustentável e inclusivo.
Isso serve como alento e significa um importante contraponto ao retrocesso governamental nos EUA.
Alexis Thuller Pagliarini é sócio-fundador da ESG4
alexis@criativista.com.br