Não conhecia o termo, em inglês, Rewired. Deparei-me com ele pela primeira vez ao analisar com maior profundidade o estudo The Future 100 2023, da Wunderman Thompson. É o tópico 93 do estudo, que tem um total de 100 pontos muito interessantes. Rewirement – Retirement is out. Rewirement is in. Este é o título, em inglês.
Em português seria algo como: Reprogramação (ou religamento) – Aposentadoria, não. Reprogramação, sim. Ao pé da letra, rewirement teria o sentido de religar, mas, abrindo para uma visão contextualizada à atuação dos maduros, acho “reprogramar” mais adequado. E o estudo mostra que as pessoas maduras, com idade para se aposentar, estão preferindo se reprogramar.
Enquanto que, no passado, 65 anos era idade para colocar pijamas e ficar arrastando chinelos pela casa, hoje esses maduros ainda estão cheios de vitalidade, recusando-se a pendurar as chuteiras.
No ambiente corporativo convencional, esses representantes da tal geração prateada têm problemas. Cabelos brancos e rugas destoam no meio de representantes da geração Z, que é predominante nas empresas.
Embora exista uma resistência a esse etarismo, a dura realidade é que são raros os que passam dos 65 atuando normalmente nas empresas, com exceção dos que são sócios. Mas o gás ainda não acabou.
E é aí que aparece o tal do rewirement. É o repensar do trabalho numa fase mais madura. É como se retrofitar.
A aparência externa não esconde a idade, mas, por dentro, esses maduros podem se reinventar e buscar atividades que possam assumir com eficiência. Pode ser simplesmente buscar atuação em instituições ou organizações onde a juventude dos colaboradores não seja tão valorizada.
O próprio estudo da Wunderman Thompson trata, em seu tópico 97, do fenômeno do “Unretirement”, ou, em português, “desaposentadoria”, o processo de retorno ao trabalho depois de se aposentar.
Ou pode ser uma atitude empreendedora, buscando criar o próprio negócio, onde seu conhecimento acumulado por anos possa ser colocado à disposição de outras empresas. Na busca por conhecer mais sobre o termo, achei um artigo de Kim Neeson, do conselho da Forbes, com dicas interessantes para quem, como eu, já está nessa faixa etária. Vamos a elas:
1- Planeje com antecedência: comece a desenvolver as ideias para o futuro enquanto o momento ainda não chegou;
2- Pergunte a si mesmo: O que eu quero fazer diferente? Reserve um tempo para observar aqueles dias em que você realmente sente vontade de lançar seu trabalho pela janela porque deseja fazer X, ou sentir Y ou ser Z. Escreva essas observações. Elas serão úteis no momento da pivotada;
3- Planeje com intenção: Com sua lista de ideias, escolha algumas que você vai perseguir ativamente. Pesquise aquele curso que você sempre quis fazer e inscreva-se! Participe de eventos relacionados às atividades do seu interesse;
4- Mantenha-se atualizado e procure relacionamento com quem já passou por situações semelhantes ou pode contribuir nesse processo;
5- Seja paciente e crie uma reserva financeira para suportar um bom tempo sem a confortável remuneração do passado. A transição não acontece num estalar de dedos. Além destas 5 dicas (que adaptei ao meu modo), acrescentaria algumas da minha própria experiência;
6- Não descuide do seu networking. Os bons relacionamentos são preciosos;
7- Cuide-se bem, por dentro e por fora. Isso tem a ver com a sua saúde, mas também com a sua aparência;
8- Não dê muita importância para sua idade. Não fique falando dela, nem critique os mais novos, com pensamentos e comportamento diferentes dos seus.
Lembre-se: idade é um estado de espírito. E termino este texto reproduzindo a fala de Michelle Yeoh, de 60 anos, em seu discurso de agradecimento pelo Oscar de Melhor Atriz: “Não deixe que ninguém diga a vocês que já passaram da idade!”
Alexis Thuller Pagliarini é sócio-fundador da ESG4
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