O mundo tem um compromisso crucial agendado para 2030. Esse é ano limite para que se concretizem as metas de redução de GEE (Gases de Efeito Estufa) assumidas pelos países signatários do Pacto Global.

Em 2015, os 193 países-membros das Nações Unidas aprovaram, por consenso, a Agenda 2030. Trata-se de um plano de ação de 2015 a 2030.

O Pacto Global não é um instrumento regulatório, um código de conduta obrigatório ou meio de controle de ações de países.

É uma iniciativa voluntária que fornece diretrizes para a promoção do crescimento sustentável e da cidadania, por meio de lideranças corporativas comprometidas e inovadoras.

Mas o não cumprimento das metas estabelecidas pode colocar o país na berlinda e prejudicar relações internacionais. Afinal, trata-se de um pacto para salvar o planeta do atingimento de um ponto de não retorno, em relação ao aquecimento global.

Estudos sérios demonstram que, se o mundo não contiver o aumento da temperatura da Terra em 2°C (melhor se não ultrapassar 1,5°C) até 2030, será impossível conter efeitos devastadores, que podem até inviabilizar o planeta para gerações futuras. O Acordo de Paris (COP de 2015) levou o Brasil a assumir uma redução de 37% de GEE até 2025 e de 43% até 2030.

A NDC (Contribuição Nacionalmente Determinada) do Brasil leva em conta as emissões referentes a 2005.

As principais metas do Brasil para atingir essa redução são: aumentar o uso de fontes alternativas de energia; aumentar a participação de bioenergias sustentáveis na matriz energética brasileira para 18% até 2030; utilizar tecnologias limpas nas indústrias; melhorar a infraestrutura dos transportes; diminuir o desmatamento; restaurar e reflorestar até 12 milhões de hectares.

O Brasil tem uma matriz energética invejável, com mais de 80% de participação de fontes renováveis. Por outro lado, não tem demonstrado capacidade para conter o desmatamento e o uso inadequado do solo. O resultado é que somos o 4º maior emissor de GEE do planeta. Conseguiremos bater a meta de redução assumida no Pacto Global? O governo afirma que sim, mas não apresenta plano consistente para tal.

Ao contrário, desdenha queimadas e mostra-se condescendente com a ocupação irregular de terras. Apesar dessa atitude governamental errática, a iniciativa privada pode fazer o seu papel e levar o país a reduções significativas.

A energia alternativa – eólica, solar, biogás – vem se mostrando competitiva, atraindo grandes investimentos privados, com tendência a melhorar ainda mais a matriz energética brasileira.

O hidrogênio verde, dependente de muita energia limpa, entra no radar brasileiro e pode surpreender nos próximos anos.

No agronegócio, a busca incessante por maior produtividade leva produtores a buscarem soluções menos agressivas ao meio ambiente. A indústria automotiva está acelerada na diminuição de dependência de combustíveis fósseis, partindo para soluções baseadas em elétricos e híbridos.

Mas é a pressão da sociedade que será fundamental para forçar governo e empresários a apresentarem soluções compatíveis com as metas de redução de emissão de gases. Se não for por amor (consciência), será pela dor (exigência da sociedade).

Com o maior conhecimento, um consequente aumento de importância da agenda ESG, consumidores e contratantes de serviços exigem um alinhamento aos princípios de respeito ao meio ambiente, às questões sociais e à prática de governança ética e responsável, gerando uma reação em cadeia para que todos entrem em sintonia e contribuam com o atingimento das metas.

2030 poderá ser o momento da virada para um planeta viável ou uma data fatídica, do temido ponto de não retorno.

Depende de cada um de nós, seja na pessoa física (exercendo pressão e privilegiando as empresas conscientes) ou na jurídica (agindo em conformidade com os princípios de sustentabilidade). Temos um encontro marcado com o futuro. RSVP!

Alexis Thuller Pagliarini é sócio-fundador da ESG4
alexis@criativista.com.br