Atuo em um mercado onde a publicidade programática e o uso de dados já são amplamente compreendidos. Como CEO e fundador de uma empresa de mídia programática, minha compreensão sobre a importância da segmentação começou muito antes de eu ingressar no universo da publicidade.
E eu quero compartilhar essa história que mudou minha forma de enxergar negócios e a comunicação.
No ano de 2000, quando me mudei para São Paulo, meu primeiro emprego foi vendendo jornais no farol.
A marca era o jornal Lance, uma publicação esportiva. Minha missão era clara: receber 50 exemplares por dia e vendê-los entre os carros, anunciando a plenos pulmões o nome do jornal.
Não era uma tarefa fácil. Cada jornal custava R$ 0,90 e, no melhor dos dias, eu conseguia vender 15 ou 20 exemplares.
Foi então que decidi fazer uma pesquisa – sem nem imaginar que futuramente trabalharia com publicidade. Peguei um papel e uma caneta e, em vez de tentar vender o jornal, perguntei aos motoristas qual era o time do coração deles: São Paulo, Palmeiras, Corinthians, Santos ou Portuguesa?
Esse farol ficava próximo ao Aeroporto de Congonhas (SP), um ponto estratégico da cidade e no fim do dia, eu tive uma descoberta valiosa: a maioria dos motoristas entrevistados era corintiana.
Com essa informação em mãos e recursos financeiros limitados, fui até o centro de São Paulo e comprei uma camiseta falsificada do time – mesmo sendo são-paulino.
No dia seguinte, voltei ao farol, mas mudei minha abordagem. Li todas as notícias do Corinthians no jornal e, em vez de apenas gritar o nome do jornal Lance, passei a anunciar as manchetes que interessavam diretamente aos torcedores: “Timão contrata fulano!”, “Ciclano está contundido”, “Jogo marcado para tal data” e o resultado foi impressionante. Os motoristas (corintianos) se empolgavam e gritavam de volta: “Ô, Alemão! Vem cá, quero um jornal!”
E antes do meio-dia eu já havia vendido todos os exemplares. Essa experiência me ensinou algo essencial: quando você entende quem é seu público-alvo e fala diretamente com ele, o resultado muda radicalmente, mesmo que o produto seja o mesmo.
Foi minha primeira lição sobre a importância da segmentação e do poder de adaptar a comunicação.
Essa história, embora antiga, permanece extremamente relevante para o que fazemos hoje na publicidade.
No mercado atual, é essencial ser assertivo, criativo e usar os dados da melhor forma possível para construir uma comunicação eficiente e personalizada. O sucesso está em conhecer profundamente o público e saber como engajá-lo.
Afinal, assim como no farol próximo ao Aeroporto de Congonhas, a chave para vender não é apenas ter um bom produto – é saber como comunicá-lo da maneira certa para a audiência certa.
Edu Sani é CEO da Adsplay