Durante a revolução tecnológica que o mundo viveu e ainda vive surgiram as startups, que viraram o mercado de cabeça para baixo. Essas aparentemente pequenas empresas de inovação ganharam fôlego no início dos anos 2000 e continuam avançando.
Só que as agências de publicidade brasileiras, embora tenham iniciativas para inovar no desenvolvimento de produtos e serviços de marketing, ainda não têm a cultura da inovação, de fato, institucionalizada em seus modelos de negócios.
É o que constata o Especial Startups, que o PROPMARK publica nesta edição. “O grande obstáculo é a velocidade das startups em relação ao modelo tradicional das agências”, afirma Luiza Leite, coordenadora de aceleração na Ace Startups, uma das maiores aceleradoras da América Latina.
Segundo Ricardo Marques, sócio da GDB Ventures e cofundador de empresas como Elemidia, comprada pela Eletromidia, além de Spark, Outcon Solutions, Humanz e Music2, entre outras, a maioria das agências brasileiras está alguns anos atrás das internacionais em investimento em inovação.
A reportagem mostra ainda que a reviravolta midiática passou a chamar a atenção dos investidores. Só em 2019, o aporte em publicidade digital chegou a US$ 125 bilhões nos Estados Unidos. Já no Brasil, as martechs captaram US$ 199,8 milhões em 2020 por meio de 30 rodadas de investimentos. Engana-se quem acha que a pandemia influenciou esse número, pois o setor já havia atraído US$ 199,7 milhões um ano antes. “Dinheiro é importante, mas os empreendedores também enxergam potencial em parcerias que forneçam conexões”, argumenta Luiza Leite. Por enquanto, os unicórnios continuam escassos por aqui. Falta aproximação das agências junto ao mercado de ventures e plataformas de conteúdo com startups. Agir enquanto ainda há caixa é essencial.
Os anunciantes foram mais rápidos e muitos têm as próprias startups para inovar ou resolver problemas. O Cubo Itaú, por exemplo, é um coworking idealizado pelo Itaú Unibanco e a Redpoint Eventures, contando com diversas parcerias de grandes corporates e com uma enorme rede de startups. Com investimentos de
R$ 3 bilhões, a divisão Magalu Ads, do Magalu, segundo o executivo Leonardo Correa, funciona como uma startup. O projeto monetiza R$ 100 milhões por ano em publicidade e abriga startups como Canal Tech e In Loco.
Daniel Knopfholz, vice-presidente de tecnologia do Grupo Boticário, diz acreditar no poder da inovação e da tecnologia como ferramentas de aceleração para o negócio. Ele conta que, desde 2020, o grupo vem ampliando o volume de parcerias nesse sentido. Já Guilherme Sacomani, líder do Grupo Publicis no Brasil, define o que são startups para ele, em artigo publicado também nesta edição: “Elas são o ponto de partida, mas podem se tornar a ponta do iceberg”.
Varejo
Nesta edição o leitor encontra ainda matéria sobre o reposicionamento da Casas Bahia. Sob o comando da VMLY&R, novo conceito traduz a virada da marca, que propõe ser o ecossistema do varejo.
Ranking
O leitor também encontra nesta edição balanço do 1º trimestre do ano. A reportagem consultou as maiores agências de publicidade e live marketing que apontam evolução no quadro em relação ao ano anterior. Algumas foram impactadas pela variante Ômicron e outras começaram 2022 a todo vapor. O Cenp-Meios também revelou na semana passada o ranking das agências que mais compraram mídia em 2021. O top 5 da lista traz WMcCann, Publicis, Africa, AlmapBBDO e DPZ&T.
Armando Ferrentini é publisher do PROPMARK