Os tempos estão mais dinâmicos do que nunca e cheios de novas possibilidades, e, nós, mulheres, devemos aproveitá-las ao máximo. É preciso coragem, mas isso nunca nos faltou. Mulher encara, explora, questiona, cria e transforma. Vivemos em um país onde quase metade dos lares é chefiado por uma mulher, em muitos dos casos, uma mulher negra e mãe solo. Essa mulher maravilhosa merece uma salva de palmas todos os dias, sua garra inspira, seu senso de responsabilidade é um exemplo, sua capacidade de doação é infinita, sua dedicação pela formação do caráter de seus filhos é referência e sua contribuição para fazer nossa economia girar é necessária.

Somos empreendedoras por natureza. O Brasil é líder mundial em empreendedorismo feminino. Mas, entenda que é uma luta diária, empreender no Brasil já é difícil, sendo mulher, mais ainda, pois historicamente não temos incentivos adequados, programas de financiamento e muitas, mas muitas vezes nem formação e treinamento adequados.

Também tem a mulher da outra ponta, a que virou gerente, diretora e CEO de empresa. E que segue na briga por um salário justo, no mínimo igual ao do homem. Ainda somos poucas nessa posição, é verdade. Mas estamos avançando e vamos continuar reclamando por esse lugar que é nosso por direito e por mérito. Mérito mesmo! Inúmeras pesquisas afirmam que empresas com mais mulheres no board e em posições seniores tendem a ser mais lucrativas. Geramos valor em dinheiro sim, e mais ainda em clima organizacional, estímulo à criatividade e integração com a sociedade. Um arraso.

Agora quero falar de um aliado que tem oportunizado tantas mulheres em universos historicamente masculinos. A transformação digital. Uma pesquisa global mostra que é na América Latina onde se tem mais mulheres em posições de liderança em tecnologia - 16% são elas, é pouco, sem dúvida, mas, maior do que os 4% de representatividade feminina nestas funções no Reino Unido por exemplo e superior à média global de 11% - e que esse aumento do empreendedorismo feminino contribui para o bom desempenho da região neste setor. Esse número se deve ao crescimento das STEMpreneurs, caso você ainda não conheça esse termo, refere-se a fundadoras de negócios relacionados à ciência, engenharia, matemática e, principalmente, startups de base tecnológica junto ao surgimento de programas específicos que visam aproximar mulheres deste mercado. E tem mais, outras pesquisas já afirmaram que empresas com mulheres em cargos de C-level, board e sênior, tendem a ser mais lucrativas, além de, um outro dado que achei magnífico, é que equipes diversas aumentam a confiança e colaboração entre as equipes, e atrai mais diversidades. Percebe que é só coisa boa? E, segundo o IPEA, nós vamos ultrapassar os homens em termos de representatividade na força de trabalho no Brasil na próxima década.

Mas é óbvio, que para isso acontecer, ainda tem chão e muitos problemas a serem resolvidos, principalmente, é claro, estruturais. Por isso precisamos seguir nos apoiando cada vez mais e pensando em nós, umas nas outras, sempre. As STEMpreuners são donas de tantas iniciativas maravilhosas que eu poderia ficar aqui o dia todo falando só disso. Como a Ana Fontes, minha amiga e parceira de um período na ONU Mulheres, fundadora de Rede Mulher Empreendedora e uma das capas da Forbes já neste ano. Sentar-se para ouvi-la dá aquela vontade danada de levantar no dia seguinte e botar um novo projeto de pé. Ou minhas amigas, também publicitárias, Laura Florence e Camila Moletta, que iniciaram um movimento firme e digno por mais mulheres nas áreas de criação das agências de publicidade, o More Girls. Hoje, já sentimos o resultado no nosso dia a dia.

Também gosto de esperançar pelas meninas da Geração Z. Elas são especiais, são mais pé no chão, pensam nelas mesmas, são rápidas, corajosas e nem adianta falar "não" para elas.  Elas também pensam em como e quanto podem contribuir, em alguma medida, mesmo que mínima, para a sociedade. The future is female.

Ira Finkelstein é CSO da Cheil Brasil