Por aqui, só se pensa em inteligência artificial. Então vamos falar sobre AI na visão das pessoas. O que sobra para elas?

Sam Altman, criador do ChatGPT, fala que ainda nessa geração vamos ver a primeira empresa unicórnio, valorizada a ponto de valer 1 bilhão de dólares, tocada por apenas uma pessoa.

Peter Deng, do ChatGPT, subiu ao palco ontem e afirmou que tem restrições sobre as redes sociais na educação de seus filhos, mas não se importa se sua filha mais velha, que gosta de escrever, use o ChatGPT para expandir suas capacidades.

E, digamos que sim, a tecnologia de AI venha para nos ajudar a ganhar tempo, que a social media nos tira, o que vamos fazer com esse tempo? E para aqueles que realmente serão afetados pela nova tecnologia, farão o que com seu tempo livre?

Se nosso potencial criativo será desbloqueado com AIs, como vamos aproveitá-lo?

Em 1995, o sociólogo Domenico de Masi, natural de Nápoles e famoso no Brasil, fez até um programa 'Roda Viva', criou o conceito sociológico de Ócio Criativo. Mais que uma crítica ao trabalho desenfreado e consumismo, uma outra perspectiva sobre a importância do tempo livre para o ser humano. A teoria é incrível e sobre esse olhar do que virá, pode fazer sentido agora. O que fazer com o tempo livre.

Fazendo uma colcha de retalhos conceitual, recupero uma entrevista de Elon Musk, em que ele sugere que haja uma renda vitalícia para as pessoas, pois as AIs vão fazer todo o trabalho mesmo. Tudo bem que aí é a realidade Musk, um pouco diferente, mas mostra a preocupação do que fazer com as pessoas, ou do que as pessoas vão fazer.

Na palestra de Peter Deng, o repórter pergunta a ele qual será o papel do ser humano na era da AI, o que faz pensar: e se uma inteligência artificial me substituir em quase tudo, será que vão notar a minha ausência enquanto estou vivendo a vida e ela trabalha para mim?

Se eu voltar ao trabalho, vão sentir a minha falta?

São questões humanas que hoje não preocupam ninguém. Mas vai saber daqui uns anos.

As questões sobre ética, renda, direitos e prazer sequer começaram e ouço pelos corredores que a AI está escondendo o jogo. Espero que não aconteça o contrário, a AI entender que é melhor me colocar para trabalhar para ela, enquanto ela vai para a praia tomar um Daikiri.

Flavio Waiteman é CCO-founder da Tech & Soul (flavio.waiteman@techandsoul.com.br).