Com as redes sociais as marcas aprenderam (não sem sofrimento e tropeços) a máxima que circula pela internet: neutro é sabonete para bebê. Ter uma posição, por mais discreta que seja, sobre temas globais como sustentabilidade, equidade e diversidade tornou-se fundamental. Cada vez mais críticos e conscientes sobre a realidade desafiadora em que vivemos, os consumidores fazem escolhas não apenas de bons produtos e serviços, mas de boas atitudes e bons valores praticados pelas empresas.

Construir uma reputação positiva ultrapassou os limites da comunicação e do mar-
keting – tornou-se questão de sobrevivência do próprio negócio. Que o digam os inúmeros anunciantes consagrados e depois cancelados por agir ou falar na contramão da história, seja por racismo, sexismo, etarismo etc.

E no metaverso, qual será a importância da reputação das empresas? Estamos falando de um ambiente digital que, turbinado pelo 5G, Inteligência Artificial, Realidade Aumentada e Realidade Virtual, vai emular a vida humana de forma bastante autêntica e natural. Vamos sentir o toque de outra pessoa, o aroma de um perfume, a iluminação de um museu e o som de uma cachoeira como se estivéssemos completamente imersos nessas vivências.

Além disso, no metaverso, multidões poderão conhecer, trabalhar, consumir e se relacionar em qualquer cidade, parque ou loja do mundo, com todo o realismo possível. Avatares e espaços (casas, escritórios, consultórios, estabelecimentos comerciais etc.) criados por usuários também serão comuns.

Desse cenário surpreendente nascerá um novo modelo de conversação e de experiências. As pessoas e as marcas estarão mais próximas do que nunca, em uma interação intensa e complexa, permeada por elementos da realidade física e da realidade construída. CEOs poderão interagir com os públicos interno e externo; lançamentos poderão ser feitos em tempo real globalmente; projetos poderão ser desenvolvidos e testados com mais segurança e menos desperdício de recursos (naturais, financeiros etc.).

Em virtude do grau de inovação, as expectativas e as dúvidas das pessoas serão imensas. Por isso mesmo a credibilidade e a confiança serão as moedas mais valiosas do metaverso. Ambas vão balizar a jornada do consumidor, que se verá diante de um repertório de possibilidades disruptivas, desconhecidas e talvez até percebidas como assustadoras em um primeiro momento. Assistir a um show concorrido, realizar um exame em um hospital de renome internacional ou cursar a universidade dos sonhos, em qualquer continente e como se estivesse lá de corpo e alma, será uma escolha feita com base na reputação de quem oferece essas oportunidades.

Adidas, Banco Itaú, Balenciaga, BMW, Boeing, Burberry, Brahma, Carrefour, Coca-Cola, Dior, Disney, Dolce & Gabbana, Ferrari, Facebook, Fortnite, Gucci, Hyundai, Lojas Renner, Louis Vuitton, McDonald’s, Microsoft, Mondelēz, Nike, Nvidia, Netflix, Paco Rabanne, PwC, Ralph Lauren, Roblox, Stella Artois, TIM do Brasil, Tommy Hilfiger, Vans e Under Armour já investiram ou se preparam para investir no metaverso. De acordo com estudos do Gartner, a previsão é que 25% da humanidade passará pelo menos uma hora por dia no metaverso em 2026.

É preciso ter em mente, porém, que, ao lado de benefícios e recursos incríveis, esse ambiente suscita temores atuais (quanto a privacidade, segurança de dados, desinformação etc.) e outros que sequer podemos cogitar a essa altura.

Sobretudo na fase inicial de engajamento dos usuários, empresas admiradas e reconhecidas pela transparência e ética funcionarão como um porto seguro para os desbravadores dessa nova fronteira.

Luciana Vidigal é publicitária, entusiasta da transformação digital e ansiosa pela chegada do metaverso