ois é... Tem gente que acha que a sigla ESG se enfraqueceu com a volta do Trump e sua turma ao poder. De fato, é assustadora a atitude desses líderes, com relação aos princípios que regem os critérios ESG. Quanto ao meio ambiente e à crise climática, eles simplesmente dão de ombros aos riscos do clima adverso, numa postura negacionista e inconsequente.

Ao contrário de fortalecer o combate ao aquecimento global, eles se postam resistentes ao desenvolvimento de energia alternativa e deixam claro que vão priorizar o sujo petróleo, cujos subprodutos só agravam o efeito estufa e o consequente aquecimento da Terra.

De quebra, deixaram o Acordo de Paris e romperam com o Pacto Global, assinado em 2015, exatamente para combater os efeitos climáticos catastróficos, que já são sentidos nos dias de hoje em todo mundo.

No campo do “S”, de Social, o desdém é ainda maior.

Só reconhecem dois gêneros – homem e mulher – e estão eliminando qualquer citação ou referência LGBT+ dos documentos formais.

Chegando ao ridículo de eliminar Gay do nome do avião Enola Gay, que levou a bomba atômica atirada pelos EUA em Hiroshima, no Japão, na Segunda Guerra Mundial. Em paralelo, estão desmontando programas de ajuda humanitária, retirando recursos de órgãos de suporte internacional, com a USAID.

A alegação é de corrupção e desvios de atuação desses órgãos (o que pode até ser verdade), mas o que está por trás mesmo é o espírito “MAGA (Make America Great Again), visando ao próprio umbigo, ignorando o resto do mundo.

A insensibilidade social beira ao absurdo de desdenhar o sofrimento na faixa de Gaza, propondo criar algo como um resort no lugar.

Incrível a insensibilidade! E no campo do “G”, de Governança, a desfaçatez é igualmente inacreditável, com uma gestão autoritária, de arroubos totalitários, sem qualquer respeito aos fundamentos democráticos, à constituição e à ética.

Um horror! Pois bem, na esteira dessa onda negacionista e insensível, grandes empresas, principalmente as Big Techs americanas, se aproveitam e reveem sua política social, desmontando processos de DE&I e revertendo programas socioambientais.

Fazem isso para economizar e se esquivarem da responsabilidade pelo controle de conteúdo inadequado nas redes. Daí ESG estar na berlinda.

Seus conceitos resistirão a esse movimento contrário?

Bem, antes de mais nada, é preciso fazer um contraponto importante: a Europa e muitos países de outros continentes continuam acreditando na importância dos princípios ESG e permanecerão atuando sob seus critérios.

Até porque eles são benéficos para o resultado das companhias que os adotam.

Mas, OK, se não quiserem mais usar a sigla ESG, que tal adotarmos outro nome qualquer? Gestão Consciente, por exemplo.

Sim, o movimento Capitalismo Consciente é sólido e ganha adesões no mundo inteiro, inclusive nos EUA. Muitas empresas já estão num nível de maturidade tão avançado em ESG que nem pensam em reverter o processo.

Até porque, repito, funciona! Não me canso de dizer que os princípios ESG não devem ser vistos como algo estranho ao processo de uma gestão eficiente.

O melhor dos mundos será quando as empresas adotarem uma administração que incorpora naturalmente as questões socioambientais e de governança ética no seu planejamento estratégico e na gestão.

Quando isso acontecer, podemos esquecer ESG e dar outro nome para esse movimento.

Gestão Consciente me parece muito bom! Mas, até lá, pelo bem da humanidade e do seu negócio, não deixe de se aprofundar nas questões ambientais, sociais e de governança.

E isso tem um nome: ESG. Pode não estar no seu momento mais hype, mas, acredite, é de importância vital para o mundo.

Alexis Thuller Pagliarini é sócio-fundador da ESG4
alexis@criativista.com.br