Um perfil nada comum

Tenho lido tudo o que tem sido escrito sobre o Duailibi, talvez até como sintoma de um misto de tristeza e saudades.

Muitas qualidades numa pessoa só, espelhadas no seu trabalho, carreira e no sucesso da icônica DPZ.

Embora muito tenha sido dito, talvez não tenha sido alcançada, na minha percepção, a grandeza que ele tinha.

Há dois aspectos que gostaria de ressaltar, porque foram pouco expostos, talvez por muitos acharem “default” – o que, nos dias atuais, parece piada – ou por considerarem aspectos naturais de alguém tão bem-sucedido por tantos anos.

Refiro-me aqui a caráter e generosidade. Explico: por duas vezes, compartilhamos o atendimento de clientes – Olivetti, onde, de certa forma, competíamos, e Secretaria de Estado da Educação de São Paulo, em parceria/consórcio.

Momentos em que nos associamos dentro de um lindo projeto, e nos sentíamos honrados por compartilhar esse trabalho com a DPZ.

Outro momento marcante para mim foi quando ele assumiu a presidência da Abap e me convidou, ainda garotão, para compor sua diretoria: dizia que “eles” estavam todos velhos e precisavam renovar a entidade.

Foi um período inesquecível e muito rico para mim, compartilhando assento com figuras históricas do nosso negócio e jovens talentos convidados pelo Roberto.

Essas experiências vividas marcaram para mim esses dois traços do Roberto quase como marcas subexpostas de suas tantas qualidades: seu caráter, sempre firme, sedutor, amoroso e correto; e sua generosidade, sempre acolhedor, aberto para o novo e para todos que dele se aproximassem.

Roberto não foi apenas um dos pilares da publicidade brasileira – foi um dos grandes responsáveis por profissionalizar e dar identidade ao mercado nacional de comunicação, ajudando a projetar o talento brasileiro para além das fronteiras.

A DPZ, sob sua liderança, não foi apenas uma agência de propaganda, mas uma verdadeira escola de criatividade, inovação e gestão de marcas, que formou gerações de profissionais e inspirou concorrentes a elevar o padrão criativo do país.

Sua visão sobre branding e cultura de marca, muito antes do termo se tornar moda, influenciou campanhas icônicas e ajudou a construir algumas das marcas mais valiosas do Brasil.

Sua postura como líder, aliada à capacidade de ouvir e integrar pessoas, também fez de Roberto uma referência na defesa do mercado publicitário como um ecossistema coletivo.

Como presidente da Abap, e em outras frentes de representação do setor, sempre atuou com o olhar voltado para o bem comum, defendendo pautas que garantissem não apenas o crescimento das agências, mas também a valorização da atividade criativa como motor da economia e da cultura.

Mais do que um publicitário, Duailibi foi um verdadeiro estadista da comunicação, cuja presença ainda se faz sentir no DNA de tantas agências e marcas.

Toda a minha admiração a este grande ser humano publicitário; um perfil de estadista, que resolveu viver entre nós.