Embora não esteja mais respirando o dia a dia das redações, tenho muito orgulho em dizer que os aprendizados daquele ambiente efervescente estão no DNA de todas as minhas escolhas desde o momento em que decidi empreender. Certamente a profissão não é a mesma de um quarto de século atrás, quando comecei, mas os princípios da investigação e da análise crítica continuam sendo fundamentais para cada decisão.
Depois de milhares de reportagens finalizadas, jornais apresentados e equipes chefiadas, a atuação na imprensa, do outro lado do balcão, chegou em 2019, quando fundei a Like Leads, agência especializada em Marketing & Relações Públicas. Queria construir a ponte entre tanta informação de qualidade represada nas empresas e a mídia, cada vez mais enxuta e carente de novas histórias.
Decidi fazer essa movimentação porque percebi o tamanho do fosso entre o mundo corporativo e a imprensa. Negócios com muito potencial precisavam construir reputação para decolar, contando, por exemplo, com a capilaridade da mídia, para divulgar a sua marca. Como jornalista, entendi que algumas pessoas físicas ou jurídicas precisam do gancho (factual ou não) filtrado pelo olhar de uma estratégia de PR para entrar na agenda da imprensa.
No olho do furacão do fechamento de reportagens ou edições de jornais, eu não havia me atentado, mas hoje percebo que o bom jornalista de redação toma dezenas de decisões diárias que o formatam para se tornar um bom líder ou empreendedor, caso essa seja a sua ambição.
Não consigo pensar em outro profissional com tanto fluxo de informação para apurar e filtrar, com tanta gente para se relacionar e conquistar confiança, além de tomar centenas de micro decisões diárias, para conseguir finalizar as suas entregas. Tudo muito parecido com o mundo de quem empreende ou lidera um time de alta performance.
Além disso, jornalistas e líderes precisam sempre estar atualizados com movimentações do mercado e tendências preferencialmente materializadas em dados. O olhar atento e embasado ao que acontece faz a diferença na tomada de decisão em qualquer ambiente.
Jornalistas podem não ser exatamente personagens das narrativas, mas eles fazem a condução para que elas aconteçam. Líderes também são condutores ao guiarem pessoas e negócios dentro da narrativa corporativa. Nesse exato momento, há muitos jornalistas sendo forjados nas redações para se tornarem grandes líderes ou empreendedores no futuro, caso desejem. Poucas profissões preparam tanto para isso.
Fábio Ventura é fundador e CEO da Like Leads