TikTok, YouTube e Meta: as gigantes do Social disputam a atenção da geração Z e dos criadores de conteúdo – mas não só online. Na Vidcon, evento global realizado recentemente em Anaheim, na Califórnia (EUA), e que reúne creators, plataformas e outros grandes players da mídia digital, além de seus fãs e usuários, a briga pelo domínio do formato de vídeos curtos acontecia ao vivo e deixa bem claro que é realmente a bola da vez.
Mas porque as marcas estão indo pra lá? A resposta pode estar no público. Com ingressos de valores diferentes, separados entre Community, Creator e Industry, você tem todo tipo de público e acesso não só a crianças e adolescentes, como também a um monte de criadores de conteúdo, de micro a macro, com comunidades engajadas.
Os mais jovens, que geralmente compram o ingresso de Comunidades, têm acesso a uma feira onde conhecem seus influenciadores preferidos e participam de ativações de marcas diferentes. Já os creators vão para aprender com outros criadores como se desenvolver; e os profissionais da indústria vão para trocar experiências e ver em primeira mão as redes sociais acontecendo ao vivo (grupos fazendo dancinhas por todo local não me deixam mentir).
Como principal patrocinador, o TikTok envelopou tudo com seu logo e a grade do evento estava cheia de palestras que tinham como tema as melhores práticas para usar a ferramenta, seja para marcas ou creators. O YouTube, que dominava a conferência em edições anteriores, não aparecia na praça principal, mas estava com duas ativações enormes do lado de fora do evento, com filas de até 3 horas. O principal objetivo era divulgar sua ferramenta Shorts – uma versão de vídeos curtos que ainda não está tão popular, mas, se depender dos esforços da marca, vai ficar em breve. Já a Meta focou nos criadores de conteúdo com um lounge do Reels que apenas convidados podiam acessar, com muitas instalações e backdrops instagramáveis.
Fora toda essa competição, os temas do evento não se diferenciaram muito do SXSW deste ano, mas traziam um foco diferente. Em uma sessão sobre o Metaverso, os palestrantes bateram na tecla do quanto criadores de conteúdo são importantes para esse novo momento, já que esses espaços online serão extremamente tediosos sem eles – e deram o exemplo da diferença que eles fazem no Roblox.
Já numa outra sobre Web3, a discussão principal foi sobre como essa nova era pode fazer com que criadores de conteúdo dependam menos de um algoritmo de rede social e consigam criar seus próprios negócios – mas a conversa acaba caindo sempre na questão de que as redes sociais continuarão importante como locais de descoberta, porque não é tão simples levar seguidores para outros formatos com paywall: sua comunidade tem que ser muito forte e, para isso, as redes sociais ainda são importantes (destaque para o Discord, uma ferramenta gratuita de comunicação super em alta nos EUA, que foi responsável por muitas sessões discutindo o assunto).
Mas apesar dos temas em alta, confesso que a trilha de palestras dedicadas à indústria pareceu bastante engessada e ensaiada. Poucas discussões aprofundadas ou com um ponto de vista mais crítico acabavam não trazendo muitos insights.
Onde o evento brilhou mesmo foi na trilha de Creators. Extremamente genuínos, para o desespero de seus agentes, os criadores de conteúdo trouxeram a franqueza necessária para esses dias. Falaram de burnout e saúde mental, de negociação com marcas e até criticaram as plataformas de redes sociais – incentivando influenciadores a não depender de marcas para conseguirem realizar seu trabalho.
Então, fica a dica: para quem quiser ir na Vidcon do ano que vem e quiser saber o que realmente está rolando no mundo da criação de conteúdo, sem perfumaria, vá atrás de onde estão indo os creators.
Elisa Pequini é sócia-diretora da Social Tailors