O conceito de Zeitgeist foi introduzido por Johann Gottfried Herder e outros escritores românticos alemães.

Em 1769, Herder escreveu uma crítica ao trabalho do filósofo Christian Adolph Klotz, introduzindo a palavra alemã Zeitgeist, que significa espírito de época, espírito do tempo ou sinal dos tempos.

O Zeitgeist é o conjunto do clima intelectual e cultural do mundo, numa certa época, ou as características genéricas de um determinado período de tempo.

Feita esta introdução conceitual, gostaria de tratar do Zeitgeist do nosso século 21. Eu me considero um privilegiado por ter vivenciado, não só uma virada de século, mas, também, uma virada de milênio.

Se você é um millennial, nascido depois de 2000, talvez não dê muita importância para este texto. Mas eu acho que essa virada de século e milênio marca um momento realmente especial para nós, humanos.

Um estudo da revista Nature revela que, em 2020, a massa dos objetos construídos pela humanidade superou em peso a massa dos seres vivos pela primeira vez na história.

Por isso, alguns cientistas chegaram a sugerir que entramos no Antropoceno, uma nova era geológica marcada pelo impacto do homem.

Mas, depois de mais de 15 anos de debates, um comitê organizado pela Comissão Internacional de Estratigrafia (ICS) e formado por cerca de 20 acadêmicos votou, recentemente, contra  a proposta para declarar o início do Antropoceno, essa era geológica caracterizada pelo impacto do homem na Terra.

Continuamos, portanto, no Holoceno, período iniciado 11 mil anos atrás, que marca o fim dos efeitos da última glaciação, gerando uma estabilidade ecológica com grande parte da fauna e flora ainda presente nos dias de hoje.

Já imaginou se a conclusão dos cientistas fosse pela entrada no Antropoceno? Nós seríamos a geração que presenciou uma virada de século, de milênio e ainda de uma nova era na Terra.

Independentemente disso, quero trazer para este texto a questão da nossa responsabilidade com o futuro da Terra. Isso mesmo!

Embora não tenhamos entrado no Antropoceno, a atividade humana na Terra está chegando a um nível de impacto que pode simplesmente inviabilizar a vida das futuras gerações por aqui.

Que responsabilidade! E, por mais alertas que já tenham sido dados, a reação do homem ainda é tímida e insuficiente para reverter o atingimento de um ponto de não retorno.

Ou seja, se não houver uma reação coletiva contundente, nós simplesmente destruiremos as condições tão especiais e – até que se prove o contrário – únicas no universo, que permite a existência de vida de seres humanos.

O Pacto Global da ONU, firmado em 2015, obteve o compromisso formal de mais de 150 países de adotarem práticas para evitar que a Terra tenha um aquecimento superior a 1,5°C, em relação à era pré-industrial.

E o fato é que não estamos conseguindo. A Terra continua aquecendo e até já superou, por um período de tempo, esse limite perigoso.

Pelo lado social, o mundo volta a ter guerras e vê aumentar o fosso da desigualdade, convivendo, por um lado, com multibilionários e, de outro, seres miseráveis, que mal conseguem o mínimo para sobreviver.

Precisamos de um uma virada! Precisamos determinar um novo comportamento humano, que consiga reverter essa jornada macabra. A adoção de uma atitude mais consciente é urgente e deve ser de toda a sociedade.

Das pessoas físicas e jurídicas e, principalmente, dos governos. E o que é angustiante é que não vemos um movimento consistente acontecendo, a não ser em um grupo restrito de pessoas e empresas mais conscientes.

Precisamos fazer com que seja natural usarmos os recursos da Terra racionalmente, que seja padrão o respeito e a empatia pelas pessoas alijadas de condições dignas de vida.

Precisamos de um novo Zeitgeist! E urgente!

Alexis Thuller Pagliarini é sócio-fundador da ESG4
alexis@criativista.com.br