Assunto foi debatido durante este sábado (19) no Fórum do Varejo e Marketing do Lide, que aconteceu no litoral de SP

Uma das consequências da pandemia, a evolução digital acelerou o que hoje pode-se chamar de nova forma de consumo. E, com isso, o impacto no varejo foi algo inevitável. Se antes a compra passava, na maior parte das vezes, pela ida a uma loja física, agora, não mais necessariamente.

O online ganhou protagonismo ao mesmo tempo em que novas tecnologias, tal qual o metaverso, por exemplo, ganham terreno e, assim, chegam para impactar de alguma forma a jornada do consumidor. Esse, aliás, foi um dos temas da décima edição do Fórum do Varejo e Marketing, organizado pelo Lide e que aconteceu neste sábado (19) no Hotel Sofitel Jequitimar, no Guarujá (SP).

Fabricio Garcia, vice-presidente de Operações do Magalu, citou a própria empresa como um exemplo de uma companhia que nasceu analógica e se tornou digital. O executivo contou que, durante a pandemia, os consumidores precisaram recorrer aos canais digitais para fazer compras e contratar serviços, o que levou diversas empresas a investirem nesse mercado, inclusive o Magalu.

“Nos últimos anos o Magalu triplicou o tamanho online. Nosso marketplace faturou R$ 13 bilhões no ano passado, são 25 milhões de pedidos online por ano”, disse.

Comazzetto: 'TikTok é um lugar em que as pessoas entram para se sentir leves'

Pedidos esses, inclusive, que passam, na maioria das vezes, pelas redes sociais, que conectam marcas e consumidores, além de reverberarem a mensagem. O TikTok é um exemplo. Gabriela Comazzetto, head de global de business solutions do TikTok no Brasil, explica que a plataforma possui atualmente mais de uym bilhão de usuários, que passam cada vez mais tempo nela.

“A hashtag #tiktokmademebuyit mostra esse poder de influência de compra. As pessoas consomem onde e quando elas se sentem felizes, e o TikTok é um lugar em que as pessoas entram para se sentir leves, entretidas”, afirmou.

Outra linha abordada durante o encontro, o encantamento foi levantado pelo CMO global da JBS, Sergio Valente, como um dos grandes pontos do varejo. Segundo o executivo, é preciso criar a conversa entre as duas partes para gerar conexão, relacionamento e, por fim, o encantamento.

"Não estamos falando apenas sobre vender", disse. "Estamos falando sobre vender, sobre encantar e sobre ser importante para as pessoas", afirmou Valente.

ESG
Em um dos painéis, o tema central foram as transformações culturais nos hábitos de consumo depois da pandemia. Elio França e Silva, diretor-executivo da Riachuelo, afirmou que a empresa precisou revisar os valores.

França e Silva: Riachuelo foi uma das empresas que mais vendeu pijamas e pantufas na pandemia

“Estamos na segunda geração da Riachuelo, ainda temos muito da cultura inicial, mas revisamos o que precisou se modernizar. Em 2020, tudo mudou, e fomos uma das empresas que mais vendeu pijamas e pantufas. Neste momento de retomada, o foco é o sonho das pessoas, já que muitas perderam a capacidade de sonhar”, disse.

Já Antonio Carlos Pipponzi, presidente do Conselho Administrativo da RD, afirmou que se foi o tempo em que as empresas precisavam apenas gerar lucro aos acionistas. Hoje, segundo ele, é preciso dar resultados à sociedade. Como exemplo, o executivo contou que a empresa criou um ecossistema de saúde para promover o bem-estar, tais como prevenção, a nutrição, entre outros benefícios para os clientes.

“Entendi que se eu não participar da comunidade, se não tivermos um plano de sustentabilidade, não sobreviremos”, disse.

E agora, Brasil?
O último painel do dia debateu o futuro do Brasil e alguns dos entraves dos pontos de vista econômico e tributário. Juliano Ohta, CEO da Telhanorte, relembrou os últimos boons que o país teve nos últimos anos para afirmar que não resta outro caminho a não ser investir em produtividade.

“A bala de prata do varejo seria investirmos no ensino profissionalizante, pois no Brasil só 10% dos alunos estão neste segmento da educação, enquanto na OCDE esse número chega a 40%”, disse.

Ohta: bala de prata do varejo seria invertir no ensino profissionalizante

Outro ponto criticado por ele foi a tributação. “Nosso sistema de impostos é injusto, baseado no consumo, penalizando quem ganha menos. Nos países mais desenvolvidos, a tributação acontece pela renda, por exemplo”.