Tendo os vídeos curtos como principal ferramenta de vendas, aplicativo pretende continuar a expandir no país, seu segundo maior mercado

Trazendo a experiência da China, o Kwai entra no comércio eletrônico brasileiro para valer. O e-commerce do aplicativo de vídeos curtos está sendo testado desde o final de 2023 no Brasil, mas é agora que a plataforma faz o lançamento do Kwai Shop ao mercado. Sob a tagline "Aqui geral brilha", o app passou a ter a vantagem competitiva de reunir entretenimento e compras numa mesma rede social, à frente de muitos concorrentes, contando com expertise em vídeos e live commerce - uma das especialidades chinesas.

No Brasil, a audiência do Kwai é de 60 milhões de usuários ativos. O app é bastante popular principalmente no Nordeste do país com uma audiência mais velha -  85% dos usuários têm mais de 25 anos -, e aposta suas fichas exatamente nesta fatia de mercado, e em ampliar participação entre outras regiões.

De olho no potencial da internet brasileira - segundo dados internos, a empresa já experimentou um aumento de 800% nas ordens diárias de compra em 2024 no Brasil -, a investida no e-commerce também é ancorada no êxito que a Kuaishou (controladora do Kwai) obtém no mercado de comércio eletrônico chinês, onde o GMV (volume bruto de mercadorias) declarado da plataforma atingiu cerca de US$ 42 bilhões no segundo trimestre de 2024, representando um aumento de 15% em relação ao mesmo período de 2023.

O crescimento é impulsionado, sobretudo, pela adoção dos vídeos curtos como principal ferramenta de vendas. “Um vídeo curto mostra features e características dos produtos entretendo os usuários, que podem assistir ao conteúdo e fazer suas compras ao mesmo tempo. O formato de vídeos curtos é uma grande vantagem do e-commerce do Kwai para ajudar as marcas a venderem mais na plataforma”, diz Ricky Xu, vice-presidente e chefe de plataforma global e comércio eletrônico da Kuaishou International Business.

Ricky Xu: "Os vídeos curtos são uma grande vantagem do e-commerce do Kwai para impulsionar vendas"/Foto: Divulgação 

O app chinês oferece um combo completo para atrair compradores dentro da mesma plataforma, se posicionando como a primeira rede social com comércio eletrônico de fato. Além da força dos vídeos curtos, a rede social também possui a expertise da transmissão de live commerce na China, onde criadores de conteúdo realizam suas vendas online. Uma influenciadora chinesa chamada Mingming, por exemplo, que divulga no Kwai Shop produtos de sua região rural, vendeu em uma única live, em agosto deste ano, cerca de US$ 1,5 milhão de dólares.

Além de comprar e pagar dentro do app, o Kwai Shop também permite o rastreamento dos pedidos em tempo real. Os produtos podem ser adicionados ao carrinho de compras diretamente pelos vídeos ao vivo ou pelas páginas dos vendedores no Kwai Shop.

“Proporcionar live streaming, short vídeos e e-commerce dá para os usuários mais uma razão de abrir o aplicativo. Por outro lado, o e-commerce oferece uma forma melhor para os perfis monetizarem o tráfico que possuem na plataforma. Também podemos ajudar os vendedores a terem mais visibilidade entre os seus seguidores e impulsionar suas vendas no Kwai. Além disso, é um caminho eficiente para ajudar as marcas a construírem sua imagem entre os usuários da plataforma”, pontua Xu.

Desde 2019 no Brasil, a Kuaishou revela que já investiu mais de R$ 7 bilhões até agora e, para o próximo ano, pretende continuar expandindo o e-commerce. “Nós acreditamos que há um grande potencial de crescimento (do e-commerce) nos próximos anos. No entanto, os preços e logística no mercado brasileiro continuam um pouco altos. Primeiramente, esperamos melhorar a nossa eficiência logística e oferecer melhores experiências, porque os usuários se importam muito com o custo e a logística. Em segundo lugar, queremos atrair mais vendedores locais, pequenos e médios, além de marcas, aumentando nossos dados dos usuários e, com isso, ajudando nossos parceiros a venderem mais”, reforça o VP da Kuaishou.

Segundo maior mercado
O Brasil é o segundo maior mercado para a Kuaishou, atrás apenas da China. “Em cinco anos, crescemos do zero para mais de 30 milhões de usuários diários ativos e 60 milhões no mês. Nós já nos consideramos parte da população do país. O Brasil é um mercado onde estamos dedicando muitos esforços e tempo. Nós estamos agora aumentando as oportunidades comerciais, com live experience e oferecendo e-commerce para os brasileiros. Podemos desenvolver rapidamente no Brasil aproveitando nossa tecnologia baseada na China”, revela Ji Cheng, vice-presidente e chefe de operações globais da Kuaishou International Business.

Ji Cheng: "O Brasil é um mercado onde estamos dedicando muitos esforços e tempo"/Foto: Divulgação

De acordo com o executivo, todo o time internacional da empresa está focado no Brasil. Um dos primeiros objetivos para o próximo ano é consolidar o modelo com publicidade e agora e-commerce. “Do lado da experiência do usuário, é melhorar cada vez mais o conteúdo. Nós sempre buscamos ter comunidades e ecossistemas dentro do Kwai para engajar a audiência”.

Para Ji, uma das ofertas especiais do Kwai em publicidade é por meio de branded content nas telenovelas do Kwai, mininovelas batizadas de Telekwai, um dos principais hits de conteúdo na China. “Ganhamos vários prêmios com o TeleKwai branded content. O objetivo é integrar publicidade com o conteúdo. A marca é um elemento dentro do contexto e a pessoa curte mais a história, ela não está assistindo a um comercial”, contextualiza ele.

O executivo observa que uma das principais vantagens do mercado local é que o brasileiro se engaja muito mais com o conteúdo do que outras audiências. “Temos algumas funcionalidades que os usuários brasileiros utilizam muito mais que os chineses, por exemplo”, diz.

Sobre a penetração do Kwai no país, Ji Cheng informa que ela é maior no Nordeste, fenômeno similar ao que aconteceu na China, mas o app começa a ganhar mais usuários do Sudeste, principalmente de São Paulo e Rio de Janeiro. Comparando com outros apps, a audiência também é mais velha, sendo que 85% dos usuários têm mais de 25 anos de idade.

“Essa é uma grande diferença em relação a outras redes sociais. Nós começamos a partir de um mindset mais regular. Se você olhar para outras plataformas americanas e de vídeos curtos, eles têm uma cultura americana, com o apoio de grandes celebridades internacionais. Mas nós começamos com as pessoas normais. Nós acreditamos que não somos uma plataforma para celebridades ou grandes influenciadores, mas sim para uma audiência regular. A nossa proposta é muito diferente. O live record é um formato muito popular no Kwai, muito mais do que em outras plataformas”, detalha o vice-presidente e chefe de operações globais da Kuaishou International Business.

A Kuaishou começou a operar na China em 2011 como o primeiro aplicativo de vídeos curtos no país asiático. Atualmente, possui mais de um bilhão de usuários ativos no mundo.