O presidente-executivo da Câmara Brasil-China de Desenvolvimento Econômico (CBCDE), está na conexão Ásia desta semana

A relação Brasil-China avança, e com ela as oportunidades de negócios. Mas é preciso ir além da burocracia jurídica, das formalidades contratuais e das missões que viram turismo.

Negociações eficazes nascem da leitura das sutilezas culturais e dos modos de trabalho que só quem vive as duas realidades consegue interpretar.

É nesse ponto que a atuação da Câmara Brasil-China de Desenvolvimento Econômico (CBCDE) torna-se decisiva, como fica evidente na entrevista a seguir com o seu presidente-executivo, Oscar Wei.

Você atua na CBCDE há bastante tempo. Qual a sua percepção sobre os “especialistas em China” que estão ocupando cada vez mais espaço nas redes sociais, oferecendo missões e ações de networking para quem quer fazer negócio com parceiros chineses?
Eu comecei a trabalhar na CBCDE em 2012, uma época em que não havia muita circulação de informação sobre a China. Essa lacuna tornou o papel da câmara essencial para empresas que queriam saber como importar e exportar para a China, que queriam saber como funcionavam os trâmites burocráticos, jurídicos... Antes mesmo dessa época, por volta de 2007-2008, a CBCDE já mantinha missões de networking para a China; publicava uma revista – a primeira que falava sobre a relação bilateral entre Brasil e China, a “Parceiros”, inclusive com uma versão impressa. Nas missões, eram levados uma média de 30 a 50 empresários para a Canton Fair (reconhecida como a maior feira de importação e exportação da China).

Só de São Paulo?
Do Brasil inteiro, porque havia divulgação em todo o país, tanto pelo site quanto pela revista, que era distribuída em todos os estados. Mas eles tinham de vir para São Paulo e daqui saíam as delegações para as edições da feira que ocorre duas vezes ao ano. Por volta de 2012, começamos a realizar imersões sobre intercâmbios de universidades. Em 2013, montamos a primeira feira de intercâmbio de universidades chinesas com universidades brasileiras. Na primeira e na segunda edição trouxemos uma faixa de 20 a 30 universidades, com seus reitores e diretores acadêmicos para as inscrições de matrículas.

Tudo isso em uma época que as informações eram muito difíceis de obter. Hoje, qual o papel desses “especialistas em China” que oferecem missões para lá?
Hoje as informações circulam mais facilmente, as pessoas têm mais acesso, ir à China também ficou mais fácil e mais barato. Aquela pessoa que estudava o mercado naquela época tornou-se um especialista hoje. E até por causa dessa facilidade maior de informação, a
CBCDE passou a oferecer mais ações de relacionamento B2B (business to business) e B2D (business to developer) – soluções para projetos da indústria química, siderúrgica, agricultura familiar, bioenergia e energia renovável.

Oscar Wei, presidente-executivo da Câmara Brasil-China de Desenvolvimento Econômico | Imagem: divulgação

Vocês já chegaram a levar apenas um empresário, né?
Sim, algumas vezes. Isso é possível, porque a câmara é uma entidade sem fins lucrativos e por termos muitas parcerias com câmaras da China e com os governos das cidades chinesas e mesmo diretamente com o governo chinês. E isso ocorre quando empresários precisam de soluções muito específicas ou soluções completas para o seu ramo de atividade.

E qual a sua percepção sobre a evolução dessas parcerias Brasil-China ao longo dos últimos anos e como isso deve seguir?
A parceria Brasil-China avançou de forma expressiva nos últimos anos, especialmente no atual governo, quando a relação política ganhou força e passou a impulsionar também os vínculos econômicos. A agenda de reindustrialização defendida pelo Brasil tem dialogado diretamente com a capacidade produtiva excedente da China, criando oportunidades para ampliar investimentos, cooperação e novos fluxos comerciais. Esse movimento tende a intensificar o intercâmbio acadêmico e a formação de mão de obra qualificada, elementos essenciais para sustentar o crescimento de mercado e garantir efetiva transferência de tecnologia.

Leia a íntegra da matéria na edição impressa de 15 de dezembro.