Associações ligadas à publicidade do Rio Grande do Sul pedem que os anunciantes fora do estado mantenham seus investimentos em mídia

Os números da tragédia ambiental no Rio Grande Sul são preocupantes — até o fechamento desta matéria, eram mais de 160 mortos —, mas as imagens que se veem são alarmantes. Cidades devastadas, cobertas por entulho e lama, empresas e comércios destruídos mostram a imensurável consequência das chuvas em boa parte do estado.

Em Porto Alegre, a água do Guaíba transbordou e deixou boa parte da capital submersa. Pontos turísticos, como o Mercado Público, a Casa de Cultura Mario Quintana, o Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS), os estádios do Internacional e do Grêmio, o Aeroporto Internacional Salgado Filho, só para citar alguns, ainda contabilizam os estragos.

Longe de qualquer comparação, o mercado publicitário também contabiliza as consequências do temporal que atingiu as cidades gaúchas. Em nota divulgada nesta semana, a ARP (Associação Riograndense de Propaganda) e o GAV (Grupo de Atendimento de Veículos do Rio Grande do Sul), por exemplo, pediram que os anunciantes fora do RS mantenham seus investimentos em mídia.

Mercado Público de Porto Alegre, um dos pontos atingidos pelas água do Guaíba (Fotos: Rafa Neddermeyer/ Agência Brasil)

De acordo com as entidades, “manter e até ampliar os investimentos nos diversos e competentes veículos de mídia é também criar uma conexão importante com os gaúchos”. Além disso, a ARP e o GAV destacam a importância de olhar para a situação do anunciante local.

“Repensar negociações, estender prazos e/ou bonificar espaços será importantíssimo para o máximo possível de marcas permaneçam na mídia, marcando presença na vida dos seus consumidores de acordo com as suas estratégias. É tempo de negociação, mas principalmente trata-se de um momento onde o prazo e o preço são essenciais para manutenção dos planos previstos antes de sermos tomados pelo mais duro de todos os embates vividos nesta terra.”, disse o comunicado.

De todas as mídias, o OOH foi a mais afetada pelo desastre ambiental. O Muro da Mauá — parte de um sistema de proteção contra cheias após a enchente de 1941, e explorado comercialmente pelo consórcio formado pela OOH Sinergy e a HMídia desde 2022 — mescla arte e publicidade pelos 850 metros ao longo da avenida que dá nome ao muro.

O Muro da Mauá tem 14 cotas anuais de patrocínios, que têm marcas como O Boticário, Vivo, Unimed, Grupo RBS, apenas para citar alguns, dispostos entre painéis com obras de arte.

Muro da Mauá: arte e publicidade (Divulgação)

Juliana Silveira, diretora de atendimento e conteúdo do consórcio Muro da Mauá e comercial da HMídia, ressaltou a importância do muro para a cidade, já que, se não fosse ele, a tragédia teria sido maior. "O muro foi um ícone de resistência da nossa cidade".

"Tendo como base essa fortaleza, a gente entende que ele passa a ser oportunidades para marcas de fora se posicionarem no estado como marcas benevolentes, que trabalham na recuperação do estado, por meio do fomento da economia gaúcha, de estarem presentes no momento da retomada", afirmou.

Sócio-fundador e CEO da Sinergy e sócio-diretor do consórcio Novo Muro da Mauá, Eduardo Ferreira disse que o 'out of home transcende o próprio out of home'.

“O out of home tem um papel muito importante na motivação das pessoas, porque o OOH nao tem ideologia, ele fala sobre smart cities, pode ser motivacional”, completou o executivo.

Aeroporto Salgado Filho
A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) proibiu operações de pouso e decolagem de aviões no Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, por conta das inundações provocadas pela chuva.

A agência informou a medida, de caráter provisório, é válida por tempo indeterminado e será mantida até que a Fraport Brasil, concessionária que administra o aeroporto, comprove o restabelecimento das operações aéreas.

Responsável pelo OOH no aeroporto desde 2018, a Eletromidia possui 86 faces dentro do terminal e, até agora, ainda não se sabe o tamanho do prejuízo. Além do aeroporto, a empresa também está em outras três verticais — ruas (tembici), shoppings e edifícios —, o que totaliza 1,3 mil telas.

Marcelo Pacheco, CSO da Eletromidia: mercado de Porto Alegre é o quarto mais importante para a empresa (Divulgação)

Marcelo Pacheco, Chief Sales Officer na Eletromidia, conta que o Centro de Operações da empresa na cidade está embaixo d’água, e seis carros foram perdidos. “Antes de tudo, nós cuidamos dos nossos colaboradores, que foram alocados em hotéis e, depois, as campanhas foram tiradas do ar”, contou.

O plano da Eletromidia foi também conversar com os anunciantes para doar R$ 10 milhões do inventário para captar doações para as vítimas da enchente e para a Prefeitura de Porto Alegre utilizar as telas para as suas ações.

Pacheco ressaltou ainda que o mercado de Porto Alegre é o quarto mais importante para a Eletromidia. “Estávamos numa crescente de faturamento, todos mês batíamos recorde de vendas”, disse. “Também estamos convidando os anunciantes a migrarem para outro ativo”, complementou.