Painel teve a participação de Noam Murro e Chaka Sobhani (DDB Worldwide) no último dia do D&AD 2024

Para além da discussão sobre os impactos da inteligência artificial no mercado, o D&AD 2024, que está sendo realizado em Londres, também trouxe reflexões sobre a criação de filmes publicitários. No painel ‘Film with feel in conversation with Noam Murro’, Chaka Sobhani (president e chief creative officer da DDB Worldwide) conduziu uma descontraída conversa com o premiado diretor de cinema israelense.

Sem meias palavras, Murro disse que não quer saber sobre a tecnologia e sim sobre o conteúdo de um filme. Ele destacou que hoje o que os criativos estão perdendo é aquele sentimento de ver algo outstanding e dizer: “por que não tive essa ideia?” ou “eu gostaria de ter feito isso”.

“No final das contas, o que importa é a história, se eu choro, me emociono ou dou risada. Não tem a ver com tecnologia, o filme tem que ser simples e ter uma boa ideia”, resumiu Murro.

Presidente do júri de Film no festival, Chaka ponderou com o diretor a respeito da relevância que a tecnologia trouxe para o mercado em termos de democratizar a criatividade. Embora reconheça que a tecnologia disponível seja “inacreditável” e está aí para ser usada, Murro reforçou a importância de contar uma boa história.

“Não se tem um bom resultado se a ideia não for boa, se o texto não for ótimo. Aliás, precisamos discutir o que temos que fazer parar proteger o bom texto. E é necessário ser claro e intenso. Não é que sou romântico, mas no fim do dia é tudo sobre uma boa história”.

Transformando IA em oportunidade

CCO global da Media.Monks, Jouke Vuurmans trouxe uma perspectiva interessante sobre a era da inteligência artificial para a indústria no painel ‘Transforming concern into excitement with AI’, fazendo o contraponto com o cenário proposto por ele como White Canvas X Black Mirror (o que traz progresso X o que atrasa o processo). Em sua visão, a IA traz progresso para a criatividade e “o mercado ainda não aproveita todas as possibilidades, que são infinitas”.

Para ele, é necessário mover para frente em direção ao desconhecido. “As máquinas tornarão a experiência melhor e mais humana se for usada do jeito certo”. Ele destacou que obviamente é preciso se manter relevante, afinal, “a IA não vai trazer ideias prontas”.

Segundo Vuurmans, em vez de se sentirem ansiosas e com medo de perderem seus trabalhos, as pessoas deveriam se informar mais a respeito da tecnologia.

“É o que fazemos na agência, semanalmente, todas as quartas-feiras, tiramos 15 minutos para falar sobre IA. Encorajamos os nossos criativos a abraçarem a tecnologia e conhecerem mais sobre ela. E isso não é difícil, afinal todo mundo está falando sobre IA”, enfatizou o criativo.

O D&AD termina nesta quarta-feira (23), com a revelação dos ganhadores de Lápis durante a cerimônia de premiação, que será realizada em Southback Centre, em Londres.