Pandemia provocou surgimento de novos casos de ansiedade, depressão e estresse no ambiente corporativo
A saúde mental sempre foi um tabu dentro e fora de casa, principalmente no ambiente corporativo, e a pandemia escancarou o problema. Para Aleks Mesquita, CEO da Amar.elo Saúde Mental, houve um crescimento significativo dos problemas na área devido à própria pandemia.
Segundo ele, a população mundial viveu algo novo, que lhe tirou o seu direito de ir e vir, além das perdas e do luto. “Então existe, sim, necessidade de atenção à saúde mental, pelo estresse natural que foi causado nos últimos anos. Houve um agravamento emocional das pessoas, com alguns casos tendo se desenvolvido para o chamado TEPT (Transtorno de Estresse Pós-Traumático)”.
Mesquita afirma ainda que o Brasil já era o país mais ansioso do mundo e o quinto em casos de depressão. “Então, não era algo novo em nosso meio, mas, de fato, foi algo que passou a ser comentado com mais frequência após esse período”.
Ele fala ainda que no meio corporativo houve uma série de mudanças, com o ambiente de casa virando o mesmo do emprego, e todas as tensões que vieram a partir disso. “Essa nova realidade também esteve entre os fatores de estresse contínuo”, diz, acrescentando: “Diante disso tudo, as pessoas passaram a ressignificar seus propósitos, a analisar o que de fato lhes cabe e o que faz sentido para si, com um forte senso de vida. Isso tudo fez com que os profissionais repensassem sobre o mercado profissional e cobrassem as empresas a refletirem sobre isso também”.
Segundo ele, para evitar a redução de quadros por conta da doença, as empresas devem ter cuidado e fazer uma autoavaliação e análise de que possui e entrega para a equipe um ambiente saudável. “Ela já dá o start necessário para promover um espaço adequado para se trabalhar. Temos fatores de adoecimento e doenças que são de total responsabilidade das empresas. O Burnout, por exemplo, é um claro transtorno de responsabilidade das empresas. São elas que têm a obrigação de frear o impulso do colaborador de trabalhar além do necessário. É importante existir regras e uma cultura na empresa que proíba fatores excessivos e permita falar sobre a saúde mental, entendendo sobretudo que ali existem seres humanos”, declara ele.
Para ilustrar a pergunta sobre quanto cresceu esse problema entre os brasileiros, ele fala dos dados de empresa chamada CloseCare, que analisa atestados médicos e percebeu que os transtornos mentais, que afastam as pessoas do ambiente de trabalho, aumentaram em 30% entre 2020 e 2022. “Só esse recente dado já nos dá uma base do grande crescimento sobre o assunto. Para agravar a situação, no atestado não é obrigatório classificar a doença, ou seja, o número de adoecimento é ainda maior”, avalia.
Conforme ele, a mesma pesquisa já previu cerca de R$ 5 bilhões em despesas, somente neste ano, com transtorno mental no Brasil. “E, segundo a Organização Mundial da Saúde, até 2030 serão gastos US$ 2 trilhões por conta da saúde mental. Esse é um problema gigante, que cresce a cada dia, alertando a todos sobre a necessidade de colocarmos em prática dinâmicas e soluções que cuidem e preservem a saúde mental”.
Ele revela os problemas mais comuns: ansiedade, depressão e estresse. “A síndrome de Burnout é outro fator de alerta. Já era muito estudada nos Estados Unidos, mas só passou a ser falada no Brasil recentemente. No entanto, estudos apontam que pelo menos 30% da população econômica ativa no Brasil está com Burnout”, conta.
Mesquita afirma ainda que, infelizmente, é muito difícil prevenir a doença, já que o país conta com poucos profissionais capacitados para essa prevenção e muitas empresas ainda não estão abertas para discutir o assunto. “O Brasil precisa ter uma política de saúde pública correta, focada na prevenção e dando possibilidade de assistência integrada”.
Ele fala que as empresas não estão atentas ao problema. Para ele, existe uma parcela muito pequena de companhias que estão alertas. “Dos mais de 826 mil CNPJs com mais de 50 colaboradores cadastrados no Brasil, bem menos de 10% possuem alguma política voltada à promoção e à prevenção da saúde mental”.
Mesquita sugere que a tecnologia pode ajudar a prevenir e combater o problema. Para ele, o que mais ajuda é possibilitar o cuidado e a educação do atendimento onde essas pessoas estiverem. “Levar terapia de maneira online, remota, como a Amar.elo faz, auxilia e garante uma ajuda mais imediata e direta com cada indivíduo”.
O executivo lembra que os smartphones são grandes aliados na promoção da saúde emocional. “A educação, prevenção e tratamento da saúde mental estão ao alcance das mãos. Alguns movimentos anuais vêm ocorrendo para ajudar principalmente pessoas deprimidas, que podem chegar ao suicídio. Ele revela que os resultados têm sido importantes.
“Pelo menos uma vez ao ano podemos falar abertamente sobre um assunto tão delicado como o suicídio. O único problema é ocorrer apenas nesse mês isolado, tendo em vista que no Brasil morrem mais pessoas de suicídio do que de acidente de moto”, finaliza.
(Crédito: Joshua Fuller on Unsplash)