A produção audiovisual em Porto Alegre está, cada vez mais, ganhando papel de destaque. A qualidade da equipe técnica disponível, o elenco, a locação e os custos têm colocado Porto Alegre como primeira opção para filmar fora de São Paulo, tanto para produtoras gaúchas, que fazem trabalhos de projeção nacional, como para produtoras de São Paulo que optam por filmar no Sul.

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A Zeppelin, por exemplo, foi uma das primeiras a dar projeção nacional para as produções gaúchas. No momento, a produtora passa por um processo de reestruturação, com a saída de alguns sócios. A empresa está mudando a sua sede em São Paulo, seu principal mercado, reestruturando equipe e ajustando os custos. “Estamos nos preparando para 2016, pois 2015 foi um ano muito complicado. O Brasil  passa por um momento difícil, que reflete no mercado, e nós estamos fazendo as adaptações”, comenta Ricardo Baptista da Silva, sócio-diretor da Zeppelin, ao lado de Everson Gringo Nunes e Annette Bittencourt. Atualmente são três diretores de cena: Paula Jobim, Fernanda Rotta e Fred Cabral.

As produções mais recentes da Zeppelin são para rede Zaffari, Corsan, Ramarim, Renner, Santa Casa e Piccadillly. “90% dos nossos trabalhos são para São Paulo, que é o mercado onde estão os grandes clientes. Mas, neste momento, não estamos fazendo nenhum projeto para São Paulo tanto porque o mercado está devagar como também devido à nossa reestruturação”, comenta Silva. Porém, neste ano, a Zeppelin chegou a fazer grandes produções como filmes para Ford, que foram rodados em São Paulo, Noruega e Mônaco, com direção de Dan Gifford; para J&J, que foi filmado na África, Irlanda, São Francisco e Porto Alegre; e também para Santander, Centauro e Hyundai.

Produtoras de São Paulo também optam por trabalhar em Porto Alegre. A capital gaúcha passa a ser uma  boa opção para filmar porque oferece uma luz diferenciada, diversidade de elenco, facilidade de locomoção e equipe técnica qualificada. “Isso tudo é um diferencial competitivo”, opina o sócio-diretor da Zeppelin. Este movimento já vem ocorrendo há quase 20 anos.

A Casa de Cinema começou, há duas décadas, a formar uma equipe técnica, que, com o passar do tempo, foi se profissionalizando. A produção de filmes nacionais em Porto Alegre fez com que o mercado evoluísse muito.

BossaNovaFilms, O2 e Sentimental são algumas das produtoras de São Paulo que têm gravado em Porto Alegre. A BossaNova fez pelo menos seis filmes este ano na capital do Rio Grande do Sul, como o comercial para Sonho de Valsa, que  foi dirigido por Gonzo Llorente e teve criação da Wieden+Kennedy; também de Giraffas e Hyndai, entre outros.

Na opinião de Ale Lucas, sócio-diretor da BossaNovaFilms, a recente restrição para filmagens com elenco infantil em São Paulo fez com que as produtoras procurassem outros mercados nos quais não é preciso ter prazo de 40 dias para aprovação do elenco. Os três mercados que começaram a ser procurados, na opinião de Lucas, são Porto Alegre, Belo Horizonte e Curitiba.

“Essa restrição praticamente obrigou as produtoras a buscarem outros mercados. Porto Alegre se destaca pelo elenco, locação e qualificação da equipe técnica. É o principal mercado fora de São Paulo pela qualidade de equipe”, comenta Lucas.

Felipe Cama, diretor de publicidade da Sentimental Filmes, concorda. “Muitas vezes a gente não tem esse prazo para esperar pela aprovação do elenco com crianças e acaba inviabilizando o filme. A certeza maior de aprovação em Porto Alegre, que tem menos burocracia, é um fator que leva a optar por filmar no Sul”, diz Cama. “Além disso, tem o casting muito bom, locação com cenário diferente e gente qualificada para filmar”, avalia, reforçando a opinião do sócio da Zeppelin.

O gaúcho Alvaro Beck, sócio-diretor da Detour Filmes, especializada em beleza, moda, luxo e life style, acha “muito bom” o movimento de atrair produtoras para a capital gaúcha. “Para manter uma equipe técnica qualificada e evoluir é preciso ter trabalhos de qualidade. Acho que o Brasil tem de descentralizar mais, movimentar mais. Isso é bom para o mercado local, além de que os profissionais ficam mais experientes e isso também faz com que permaneçam nessa indústria”, avalia. “Antes isso era impensável, mas a internet eliminou fronteiras. Acho ótimo este movimento porque qualifica o setor”, finaliza Beck.