Daniel Chalfon: mídia hoje tem uma posição de liderança

A história do mídia no Brasil começa a ser escrita, mais ou menos, em 1960, quando a TV ganha força e passa a abocanhar 55% da verba publicitária. Mas é só em 1968 que o profissional da área passa a ser o centro das atenções, com a criação do Grupo de Mídia de São Paulo, e, posteriormente, em 1972, com o Grupo de Mídia do Rio de Janeiro, fatores decisivos para o desenvolvimento e padronização dos sistemas de trabalho.

Atualmente, o Grupo de Mídia de São Paulo reúne mais de mil profissionais. A missão da entidade é promover a evolução técnica da área no Brasil e apontar caminhos para a solução de problemas comuns aos profissionais de propaganda. De acordo com o sócio e vice-presidente de mídia da Loducca e atual presidente da entidade, Daniel Chalfon, hoje, o principal foco do grupo é promover a área e os profissionais. “Movimentamos uma indústria de R$ 32 bilhões e a posição do mídia na escolha das melhores estratégias e táticas para os clientes é fundamental para garantir a eficiência desse investimento.”

Ele acredita que o reconhecimento do mercado da profissão já cresceu muito ao longo dos últimos 20 anos. “O profissional hoje tem uma posição de liderança nos negócios da comunicação brasileira, temos mídias como sócios ou CEOs de agências, isso sem contar as premiações como Cannes.” Chalfon lembrou também que esse profissional também mudou bastante. “Atualmente, encontramos um perfil bastante amplo, existem diversas gerações de profissionais convivendo no mercado e atendendo a clientes com características distintas.”

De acordo com o executivo, o que é possível perceber é que existe uma geração de profissionais que não enxerga mais nenhuma distinção entre o on e offline, e que busca conhecer todas as plataformas para se tornar um profissional completo, que é exatamente o que o mercado espera. Para ele, uma das principais características dessa nova geração é a inquietação, mas “os fundamentos da profissão não devem nunca ser deixados de lado: conhecimento técnico, excelência na execução, visão estratégica e, é claro, capacidade de desenvolvimento de negócios”. O executivo disse ainda que para impulsionar mais a categoria é necessário ampliar o contato dos jovens profissionais com o grupo de mídia. “Nossa ideia é aumentar os eventos de integração e criar comissões especiais para cuidar de temas específicos de maneira a envolver mais gente.” Chalfon acredita que só o envolvimento com as atividades da entidade e o interesse em participar é que pereniza a associação.

Sobre o futuro da profissão, o executivo afirmou que é preciso ficar atento, porque a fragmentação de audiência só vai crescer, portanto a quantidade de opções para trabalhar irá se multiplicar. “Atuar em um cenário assim é mais complexo, exige mais investimento das agências em tecnologia, informação e treinamento.”

Rio de Janeiro

Já para Fátima Rendeiro, diretora-geral de mídia e conexões da NBS e presidente do Grupo de Mídia do Rio de Janeiro, a principal mudança que deve acontecer na profissão não deve passar pela compra de mídia, que deve permanecer da mesma forma, mas sim pelo surgimento de novos modelos de negócios. “Acredito que devem aparecer também novas formas de mensurações e de negociação, mas os profissionais estarão sempre alinhados com as transformações.” Mas ela concorda que é preciso estar atento e conectado com as rápidas mudanças, no curto prazo.

Fátima ressaltou que, hoje, um profissional de mídia tem que estar sempre preparado e observar o comportamento humano, pois a atividade exige, cada vez mais, um entendimento de todas as áreas de negócio. “É preciso estar atualizado com todas as novidades que surgem no mercado. Ele continua técnico, porém com uma visão mais ampla das marcas e dos consumidores, que estão cada vez mais complexos.”

De acordo com ela, as possibilidades abertas pela internet trouxeram novos pontos de contato entre os consumidores e as marcas. A executiva lembrou também que a convergência é uma realidade e o desafio do profissional é integrar as novas mídias com a mídia tradicional, de acordo com as necessidades da marca. “Dominar as novas plataformas  é importante, porém tem que saber o que se faz com esses dados para produzir boas estratégias de mídia.”

Fátima ressaltou que, atualmente, o profissional já conquistou seu espaço. “Muitas agências sabem da importância não só da mídia, mas de todos os departamentos e investem em suas estruturas para fornecer boas condições aos profissionais. Ninguém trabalha isolado para entregar um bom trabalho aos clientes.”