Em homenagem ao Dia do Publicitário, comemorado no dia 1º de fevereiro, o propmark colheu depoimentos de alguns profissionais do mercado para saber sobre suas visões a respeito de si mesmos, da profissão e da relevância da atividade para o desenvolvimento da economia.

Como era de se esperar, criativos por natureza como são, eles foram bastante autorais nas opiniões e nas respostas enviadas por email, como Mentor Muniz Neto, senior partner e CCO do Grupo Talkability, que soltou a seguinte pérola: “Quero menos Excel e mais humor”.

Já Marcio Oliveira, presidente da Lew’LaraTBWA, falou sobre os desafios, ao dizer, por exemplo, que hoje o trabalho de um publicitário é mais complexo, mas é muito mais dinâmico e desafiador. Responsável pela criação de campanhas e bordões memoráveis, o publicitário já fez e faz muita gente rir, chorar, comprar e vender, molda comportamento de consumo e move uma engrenagem importante da economia.

Mais do que uma profissão, muita gente acha que ser publicitário é um estilo de vida. Na verdade, não é bem assim. Afinal, qual publicitário que já não passou a madrugada trabalhando na agência por causa de um job emergencial? Seja do atendimento, criação, mídia ou planejamento, eles estão sempre atrás de uma boa ideia, ou melhor, da grande ideia. E por isso mesmo, publicitário é um ser que deve estar antenado com absolutamente tudo que acontece à sua volta.

E apesar de muita gente achar exagero criar um dia específico para homenagear uma categoria, nós achamos que não.

Cássio Zanatta, diretor de criação da DPZ. “Querem saber, na minha opinião, qual a importância do publicitário… opa, vamos parar por aí. Publicitário não tem a menor importância. Coisa aborrecida essa história de querer saber a opinião de publicitário sobre o que quer que seja, do novo livro do Chico à derrocada da Petrobras. Menos Caras e mais Exame, pessoal. Vamos trocar publicitário por publicidade, me parece menos egocêntrico. E essa é fácil: a publicidade cria marcas fortes. Diferencia e destaca produtos e serviços. Gera mais vendas e, consequentemente, mais empregos e crescimento. Mas isso um monte de colegas vai falar aqui. Então, pulemos à segunda pergunta. O que é preciso para se tornar um profissional de sucesso? E vocês perguntam para mim, que sempre invejei imensamente mais Sylvio Lima, Roberto Pereira, Ruy Lindenberg, Valdir Bianchi, do que muito figurão por aí, símbolo do que hoje se considera sucesso? Poderia responder um ‘sei lá’, mas vou cravar um ‘depende’. Depende do que se entende por sucesso. O máximo que eu alcancei foi o de mandar propostas incríveis catarem coquinho, para ter tempo pra tomar sorvete com os filhotes. Resposta decepcionante? Os(as) cavalheiros(as) estão desapontados(as)? Pois é, fui desmascarado: sou um pateta. Mas disso eu já sabia, nem precisava ter perguntado.”

Marcio Oliveira, presidente da Lew’LaraTBWA. “Mais do que nunca, é preciso que o profissional saiba que o poder está na mão do consumidor e que este poder não é mais apenas o de compra. Pode ser de venda e de aluguel também. Isso faz com que tudo mude, até o conceito de concorrência. Antes, um hotel competia com outro hotel. Hoje, ele compete com a Airbnb. Uma montadora de veículos competia com outra. Hoje, o Google vai produzir um carro inteligente. Hoje, o Uber permite a você a possibilidade de ganhar dinheiro com o seu carro por meio do oferecimento de caronas, e aí você compete com taxistas, ônibus, metrô e dá outra função para seu carro. A rede social pauta a novela. O comércio compete com a venda de produtos seminovos por classificado eletrônico. Então, o que não muda? O poder de uma marca! Uma marca é capaz de mobilizar, gerar identificação, demonstrar um propósito e atrair milhões de seguidores. E, para isso, é necessário trabalhar para que ela seja honesta com seu propósito, ousada no seu discurso. Atualmente, nosso trabalho é mais complexo, mas é muito mais dinâmico e desafiador. Mais recompensador, portanto. Todo esse trabalho move não só a economia, mas move essa nova economia, molda o comportamento de consumo e molda, portanto, o comportamento daquilo que gira os números do país. Molda a produção, o serviço. Quem está dentro desse mundo tem mais chance de crescer junto com a nova geração que vem aí.”

Mentor Muniz Neto, Senior Partner e CCO do Grupo Talkability. “Dia do Publicitário é hora de repensar a vida. A nossa vida. Se eu pudesse escolher, gostaria que esse dia marcasse uma profunda mudança nos corações e mentes de quem dedica sua vida para girar a roda do consumo. Se fosse possível essa mudança, eu sei o que quero para mim: Quero menos Excel e mais humor. Quero mais curiosidade e menos Photoshop. Quero a volta da ingenuidade. Quero o fim do politicamente correto. Quero marcas mais corajosas. Quero menos desafios e mais parcerias. Quero mais trabalho e menos concorrências. Quero mais tempo e liberdade para ser um profissional melhor. A publicidade brasileira precisa superar seu período mais negro. Precisa deixar de ser um vetor de corrupção. Precisa voltar a ser criativa. Precisa acreditar em si mesma, mais do que em infindáveis reuniões e pesquisas. Precisa, definitivamente, voltar a ser feliz. Que nosso dia sirva como reflexão e, quem sabe, mudanças.”

Rodrigo Jatene, Chief Creative Officer da Grey Brasil. “Olhando para o passado, dá para afirmar que o desenvolvimento da indústria da publicidade sempre esteve em linha com o desenvolvimento da economia. A conta é simples: com a economia em alta, as marcas vendem mais. Vendendo mais, têm mais dinheiro em caixa. Com mais dinheiro, podem anunciar mais. É claro que existem alguns setores que se aproveitam da crise econômica para anunciar (e vender) mais. Mas são a esmagadora minoria. A regra, até então, era economia em alta, publicidade idem. E vice-versa. Mas, de uns anos para cá, a publicidade está deixando de lado seu papel monotemático na indústria da comunicação para assumir um papel ainda mais importante na indústria da transformação. Transformação das pessoas, dos comportamentos, das necessidades, dos produtos, de modelos de negócios. E isso, obviamente, nos leva à transformação da economia. Hoje, o job das agências e profissionais de publicidade vai muito além de comunicar uma nova marca, serviço ou produto. O desafio agora é olhar para o negócio do cliente como se fosse o seu próprio negócio. Enxergar necessidades. Criar relevância. Mudar comportamentos. E, assim, ajudar a transformar essas marcas, junto com seus serviços e produtos, em algo indispensável na vida das pessoas.”

Ana Monte, diretora de criação da YDreams Brasil. “Vivemos uma nova realidade. Os avanços tecnológicos mudaram a forma que pessoas se relacionam com marcas e produtos e criaram a era do consumidor empoderado. O indivíduo que tem voz, consciência e é extremamente exigente. Que busca a relevância no consumo e que não se contenta em ser apenas um expectador. Ele busca novas formas de conexão com marcas – conexões emocionais. O profissional que entender e souber trabalhar nessa nova realidade será fundamental para criar os elos emocionais necessários entre marcas e consumidores. Impulsionar esse ciclo virtuoso é a maior contribuição que um publicitário pode dar para os resultados de seu cliente e também para a economia.”

Kevin Zung, diretor-executivo de criação da Publicis Brasil. “Os publicitários, e de maneira mais ampla a indústria criativa, são responsáveis por ajudar a estabelecer e comunicar os valores das marcas e os diferenciais dos produtos. Ao fazer isso para diferentes segmentos da economia, ajudamos a movimentar a enorme engrenagem de consumo, geração de renda e emprego.
O que é preciso fazer para se tornar um profissional de sucesso? Pensar em aprender sempre é mais importante que pensar em se tornar um profissional de sucesso.”
Guilherme Pierri, CEO da Peppery. “O mercado publicitário já representa uma boa parte da engrenagem total. A indústria da propaganda é de suma importância na criação de hábitos e comportamentos para a sociedade e a grande responsável por criar e estimular novas necessidades, impulsionando e aumentando a produção. Desta maneira, relaciona-se diretamente com a economia por se tratar de um processo direto de decisão social. Um profissional de sucesso deve ter a curiosidade em seu DNA. Deve saber que não existem respostas prontas ou soluções de prateleira. Além de boas ideias, o profissional deve transmitir confiança, uma boa bagagem cultural e acompanhar diariamente as mudanças e comportamentos da sociedade. Pensar de forma global, ser questionador e estudar o cliente a fundo, independentemente do segmento ou tamanho.”