Evento deste ano, que acabou na última sexta (21), teve mais de 150 horas de palestras A 71ª edição do Festival Internacional de Criatividade Cannes Lions, que terminou na última sexta-feira (21), teve mais de 150 horas de conteúdo, produzido por cerca de 500 palestrantes . Número maior do que o do ano passado, quando 400 speakers subiram nos palcos do Palais.
Entre os nomes de destaque, estiveram David Droga, Elon Musk, Queen Latifah. A atriz, aliás, falou sobre o legado construído com a campanha “It's bigger than this’ , lançada pela farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk nos Estados Unidos, em 2021.
“A ação desmistifica os estigmas e percepções que agravam a obesidade, conscientizando as pessoas de que se trata de uma doença, uma condição de saúde”, comenta Queen Latifah. “Criem mais diálogos”, pede a atriz aos profissionais de criação.
Elon Musk, por sua vez, participou da sessão ‘Exploring the new frontiers of innovation’ , que foi mediada por Mark Read, CEO do grupo WPP. Lotado, o auditório Lumière Theatre, do Palais des Festivals, viu Read desferir perguntas espinhosas a Musk.
“O que você quis dizer exatamente quando mandou o mercado publicitário se danar?”, questionou Read. Musk respondeu que “pessoas têm o direito de falar e marcas o de aparecer na plataforma”. Para o empresário, a propaganda eficaz é aquela que consegue atingir o target que consome um determinado tipo de conteúdo.
O propmark perguntou a alguns executivos de agências qual foi o conteúdo que mais gostou da edição deste ano do Cannes Lions. Veja abaixo algumas das respostas.
"O que eu mais gostei do festival de Cannes foi assistir palestras sobre pontos de vista distintos partindo de premissas próximas. E os pontos de reflexão possíveis a partir disso. Ver David Droga falando que grandes poderes vem com grandes responsabilidades e que existe oportunidade de negócio fazendo o bem. Além de que muitas vezes não fazê-lo ser também uma perda de negócios e oportunidades; sem dúvida alimentam a minha esperança de como nossa indústria pode fomentar uma sociedade que cada vez mais valorize o ganha- ganha. Por outro lado, discussões e reflexões muito importantes sobre IA, democracia, fake news, futuro e como vamos garantir que o poder ultra concentrado das big techs e seus interesses, nem sempre coletivos, me interessam muito mais. E por isso trago aqui a palestra de Maria Ressa , Nobel da Paz, como um highlight do que acompanhei. E infelizmente parece que se o bem pode trazer bons resultados de negócio, o mal certamente também pode. E ela exemplifica dizendo que conteúdos com mentiras, quando ligados ao medo e o ódio se propagam seis vezes mais. Ou que a otimização da entrega de conteúdo por AÍ de redes sociais impacta meninas de 13 anos em 3 minutos com conteúdos sexualizados. E que 26 contas falsas em plataformas engajam até 3 milhões de outras contas. De forma que existem muitos caminhos para os negócios serem prósperos, mas fica aqui a reflexão de quais caminhos vamos fomentar como indústria" Juliana Elia, VP de estratégia da Publicis "O que eu gostei muito na palestra da Diana Frost (Chief Growth Officer da Kraft Heinz ) foi de terem avaliado o trabalho que estavam fazendo e o fato deles darem essa reviravolta na marca, de terem criado uma plataforma muito simples, que funciona globalmente, e, alinhando as equipes de todos os países onde Heinz está presente, conseguiram fazer diferentes estratégias e peças criativas em cada país, sempre respeitando a estratégia global" Manir Fadel, presidente e CCO da Grey "Confiança foi a palavra que rondou o Palais durante o Cannes Lions 2024. Diferentes palestras, com temas quase antagônicos, trouxeram a confiança como pilar fundamental no processo da criatividade. Na ótica dos negócios, John Regarty, lenda da publicidade mundial e um dos fundadores da Saatchi & Saatchi e TBWA Londres, fez um interessantíssimo painel com Orlando Wood. Os dois apresentaram números que demonstram a importância da confiança para o crescimento das empresas e reforçaram a lógica com a frase "você não compra nada de quem você não gosta".Outra notável menção à palavra confiança veio de Ynon Kreiz, CEO da Mattel, que recebeu o prêmio de 'Entertainment Person of the Year'. Ele contou como confiar no talento e na criatividade de Greta Gerwig, diretora do filme Barbie, foi fundamental durante todo o processo. Kreiz ainda mostrou o trecho em que Barbie questiona quem é o CEO da Mattel e é confrontada por uma fala machista, o que foi bastante interessante.Mas, sem dúvida, a aplicação mais impactante da palavra confiança foi de Maria Ressa, vencedora do Nobel da Paz. Ela falou sobre a manipulação das mídias sociais, ressaltando a importância de ter fontes confiáveis de notícia e cunhou uma frase que deve marcar o festival: "Sem fatos não há verdade e sem verdade não há confiança" Juliana Leite, VP de projetos especiais e conteúdo criativo da Africa Creative “Uma palestra que gostei bastante foi a da Cindy Gallop, presidente do júri de Glass, que encerrou o festival desse ano. Com o título “Make love not porn — how tho change advertising for the better, fast”, Cindy recordou um exercício que havia feito em outra edição do Festival de Cannes, em que pedia para os participantes de um workshop criarem uma agência do zero, mas sempre respondendo a 3 critérios essenciais: como seremos mais criativos, como faremos mais dinheiro e como seremos mais felizes. Enquanto na outra edição do festival ela ouviu as respostas dos participantes, nessa ela procurou dar suas próprias respostas para essas perguntas. Para ela, que é adepta da simplicidade como caminho mais eficaz para problemas difíceis, a mudança começa entendendo as oportunidades ao redor do que chamou de aspiracionalidade. A propaganda sempre viveu de criar imagens aspiracionais e que a oportunidade de ser criativo e fazer ainda mais dinheiro com isso é reinventarmos quais os papéis e imagens que de fato são ou serão aspiracionais hoje e no futuro e que fogem dos estereótipos tradicionais. Isso passa por mostrar relações entre gêneros que projetam uma parceira entre iguais, passa por revisar a aspiracionalidade geracional, pontuando que as pessoas mais velhas na real não querem ser mais jovens e que jovens no fundo querem ser como os mais velhos. E completou dizendo que a chave para a indústria evoluir rápido é levar as mulheres a sério: “tem muito dinheiro para ser feito se levarmos as mulheres a sério. Mulheres desafiam o status quo porque nunca fizeram parte dele”. Muito aplaudida, pontuou que segue sendo imprescindível acabar com o assédio na indústria e que o que limita as mulheres na indústria é a insegurança dos homens. Segundo ela, tudo isso pode mudar a forma como todas as pessoas se relacionam com a propaganda: “as pessoas têm um caso de amor e ódio com a propaganda. Elas odeiam a propaganda ‘no geral’, mas amam a propaganda ‘em específico’, afinal todo mundo tem uma propaganda que marcou, que ama. Precisamos fazer as pessoas não apenas amarem a propaganda em específico, mas voltaram a amá-la no geral”, disse. Um bom recado para a última palestra do festival, que por si só é uma declaração de amor a propaganda que precisa perdurar não apenas por uma semana” João Gabriel, CSO da AlmaoBBDO "É difícil dizer qual palestra eu gostei mais. Cannes vale a pena pelo todo, um turbilhão de referências, insights e conexões. Você decide assistir um palestrante secreto, chega lá e é a Yusra Mardini, a nadadora Síria que atravessou o mar Mediterrâneo fugindo da guerra e inspirou o filme Nadadoras. Um exemplo de vida, força e diversidade. Na sequência vê o trabalho criativo impressionante por trás de Pobres Criaturas, num bate papo despretensioso e cheio de referências com os produtores de design do filme. Uma aula de como fazer conceituação e encontrar originalidade em cada detalhe. Depois assiste uma palestra sobre AI, sente a urgência de conhecer mais, anota todas as ferramentas já disponíveis. Entra então num masterclass de storytelling com James Patterson, autor best-seller norte-americano de romances de suspense e policial. Entre uma coisa e outra, vai acompanhando os cases ganhadores de leão. Encontra e conversa com outros profissionais do nosso mercado e do mundo todo. Troca e aprende ainda mais. Vai no num happy hour com show da Liniker, se diverte e socializa. E isso é só um dia em cinco que vão te deixar exausta, mas absolutamente inspirada" Gabriela Soares, CSO da Talent
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