Novo levantamento revela contrastes entre popularidade e reputação de operadoras nas comunidades brasileiras
A telefonia móvel segue sendo um dos principais pilares de conexão nas favelas brasileiras, mas enfrenta obstáculos estruturais que impactam diretamente o dia a dia da população.
De acordo com o estudo 'Tracking das favelas – telefonia', realizado pela NÓS em parceria com o aplicativo de pesquisas PiniOn, 43% das comunidades relatam sinal ruim ou instável e 84% dos moradores ficam sem dados antes do fim do mês.
Celular como ferramenta
Sem computador em 80% dos lares, o celular se tornou ferramenta essencial — serve como escola, banco, ponto de venda e fonte de informação. O uso da internet é diário e intenso, com destaque para aplicativos como WhatsApp, Instagram, Facebook, YouTube e TikTok.
"A internet nas favelas vai muito além do entretenimento. Ela é usada para empreender, estudar e se informar. Mesmo com menos infraestrutura, a favela é digitalmente ativa, criativa e altamente conectada", afirma Emília Rabello, CEO da NÓS.
Operadoras
No recorte sobre marcas, Claro e Vivo aparecem empatadas na liderança da intenção de compra, com 38,6% cada. A TIM segue com cerca de 33% e a Oi, em queda, soma apenas 6,8%. Apesar do domínio das grandes operadoras, uma marca emergente chama a atenção: a Fluke.
Com menos de 1% na intenção de compra, a operadora digital Fluke se destaca na avaliação dos usuários. Sua nota média em recomendação é de 9,5 e o NPS chega a 70% — bem acima da média do setor, que é de 26,5%. "A Fluke é enxergada como simples, prática e transparente – atributos que fazem sentido para um público que quer menos burocracia e mais eficiência", avalia Emília.
Diferenças regionais
As grandes operadoras mantêm protagonismo, mas com variações regionais. A Claro tem mais força no Norte e entre homens mais velhos. A Vivo cresce entre mulheres e jovens. A TIM avança no Nordeste e entre os mais jovens. Já a Oi, embora mantenha alguma relevância no Nordeste e com o público feminino, perde espaço nas demais regiões.
Reputação
O estudo também revela um descompasso entre reputação e conversão. A Fluke, mesmo com a melhor avaliação entre os usuários, ainda tem alcance limitado no mercado. Já a Claro combina liderança em intenção de compra com boas notas de recomendação. Vivo e TIM também apresentam bom desempenho, ainda que com leve tendência de queda. A Oi, por sua vez, enfrenta dificuldades tanto em atrair quanto em manter consumidores.
"Há um descompasso entre reputação e conversão. Isso mostra que, nas favelas, ainda há barreiras estruturais e comportamentais que marcas emergentes precisarão superar para crescer", analisa Emília.
A pesquisa foi realizada com 800 moradores de favelas e periferias em todas as regiões do Brasil. As entrevistas ocorreram via aplicativo do PiniOn, com controle de cotas por gênero, idade e localidade. A margem de erro é de 3,5%, com 95% de intervalo de confiança.
(Imagem: Freepik)