Produto, que une realidade aumentada com a realidade virtual, será lançado no início de 2024 e marca um novo momento da tecnologia

A Apple apresentou ao mercado o Vision Pro, óculos que misturam a realidade aumentada (AR) com a realidade virtual (VR), durante o evento WWDC 2023, que aconteceu nesta segunda-feira (5).

A nova aposta da empresa demorou sete anos para ser produzida e deve chegar ao mercado no começo de 2024 pelo valor de US$ 3.499, o equivalente a R$ 17.200.

Segundo Tim Cook, CEO da Apple, o aparelho foi feito para que as pessoas olhassem "através dele e não por ele" e fornece uma experiência imersiva aos usuários, permitindo que eles assistam a vídeos, façam chamadas de vídeo, naveguem pela internet e controlem objetos virtuais em 3D usando a voz, os olhos e as mãos.

Durante a apresentação, a empresa também demonstrou os recursos e o conteúdo planejado para o produto, que inclui games e vídeos interativos da Walt Disney Company. Além disso, também foi anunciado que o serviço de streaming Disney+ estará disponível no device. "Acreditamos que o Apple Vision Pro é uma plataforma revolucionária que pode tornar nossa visão uma realidade”, afirmou Bob Iger, CEO da Disney.

Oportunidades
Para além da tecnologia, o lançamento da empresa apresenta novas oportunidades de negócio para o mercado. Com o aparelho, as empresas poderão, por exemplo, fazer reuniões e treinamentos online de maneira mais realista e interativa, projetar as telas de computadores e celulares com realidade aumentada.

Segundo João Vitor Rodrigues, professor de marketing digital da ESPM, dois setores que devem passar por uma transformação devido ao Vision Pro são os de games e entretenimento.

"O que a gente faz hoje através da TV pode se transformar bastante a partir desse lançamento, mas é importante considerar que esse é um produto que tem um preço bem alto, mesmo para a realidade estadunidense. Essas transformações devem vir ao longo do tempo, mas o fato da Apple ter saído na frente já é importante", afirmou Rodrigues.

Para o mercado publicitário, especificamente, Mariana Munis, professora de marketing e comportamento do consumidor da Universidade Presbiteriana Mackenzie Campinas, apontou que a tecnologia dá a oportunidade das empresas testarem seus produtos e anúncios de maneira imersiva com os clientes, mas alertou sobre a importância de não atrapalhar a experiência do usuário.

"São inúmeras as possibilidades para o mercado publicitário utilizar o óculos da Apple, porém, o mais importante é que isso não atrapalhe a experiência do usuário. A marca deve estar ali para auxiliá-lo a ter uma boa experiência", afirmou Mariana.

O professor da ESPM fundamentou essa linha de raciocínio, afirmando que o novo óculos deve aquecer mais a discussão sobre tornar a publicidade menos invasiva ao consumidor.

"Com essa experiência, a publicidade não vai poder entrar interrompendo, pelo menos não nesse tipo de imersão proposto pela Apple. Acho que a publicidade tem um desafio enorme de continuar repensando o seu lugar com o público, com a audiência e entender, pesquisar, avançar nas formas de estar junto desse público nas ocasiões que são relevantes, mas que façam sentido e consigam, de fato, gerar valor para a marca sem parecer invasiva", completou o docente.

Em compensação, Richard Yao, gerente de Estratégia e Conteúdo da IPG Media Lab afirmou ao The Drum que o lançamento da Apple não se tornará uma plataforma de massa no lançamento, ou mesmo dentro de alguns anos. Para ele, serão necessárias várias iterações para que o Vision Pro assumisse o papel de tela principal para consumo de mídia e interações digitais.

"As marcas devem trabalhar com desenvolvedores para alavancar novas ferramentas como Unity, cujo formato de objeto 3D o Vision Pro suporta. Eles também devem aproveitar o kit de desenvolvedor Reality Composer Pro da Apple para não apenas ampliar as experiências de realidade aumentada móvel existentes para dimensões que preenchem a sala, mas também para criar novas experiências nativas do VisionOS, que levem em consideração os novos recursos da interface do usuário, como rastreamento ocular e controle manual. controle de gestos", afirmou Yao.