Nos últimos meses, tenho aprendido muito com minha filha mais nova, a Joana. Joana é uma criança de 6 anos muito determinada em relação ao que ela quer.

Suas vontades são realmente profundas e vêm lá do fundo do estômago e do seu
coração.

E ela, com seus 6 anos de idade, cria e inventa maneiras de conseguir o que quer, mesmo recebendo inúmeras vezes seguidas o “não” carregado de argumentos racionais e emocionais. Ela não desiste.

Ela não se dá por satisfeita.

Muitas vezes, chega à dramaticidade, que vem com tudo. Afinal, o lado emocional da criança nessa idade é 90% presente.

Mas também há um jeito doce e amoroso nas suas tentativas.

Para ela, não tem fórmula pronta.

Aliás, ela cria e inventa as próprias fórmulas para tentar chegar ao seu objetivo
final.

E com a gente, profissionais de criação principalmente, não pode e não deve ser diferente. Na nossa vida, nos nossos projetos, nos nossos jobs, muitas vezes precisamos achar alternativas, ser criativos até nesse momento pra fazer prevalecer e vender um projeto, uma ideia em que acreditamos muito e, claro, não desistir.

Isso não quer dizer que não teremos de achar outras rotas ou formas de fazer, mas, ainda sim, a vontade e o desejo precisam ser maiores, têm de prevalecer.

Nós, como profissionais, não podemos aceitar a mediocridade no sentido de que “Para tal job, tá bom; pra este job, vai assim mesmo”, porque, no fim, o job é pra nós mesmos, é sobre a construção da nossa carreira e do nosso portfólio.

“Eu estou satisfeito com o meu trabalho? Eu estou satisfeita com esta entrega? Se eu olhar pra isso, vou ficar orgulhoso?”

Cara, você é o que você entrega, você é o reflexo dos seus projetos, do que você mostra e apresenta.

E sei que, muitas vezes, vamos olhar e dizer: “Puts! Dá pra melhorar”. Então, se dá pra melhorar, melhore! Faça o melhor. O tempo que corre não é o tempo do prazo de entrega, mas o prazo da sua satisfação com o seu melhor.

Por que a gente sabe que inspiração e criatividade não são algo que tem timesheet e, se o prazo for de 8 horas e você não estiver confortável e satisfeito com a entrega, busque o tempo necessário para que você possa se orgulhar.

Não é só sobre responder ao briefing, às necessidades da demanda e do cliente: é sobre responder também ao nosso trabalho, a nós mesmos e ao nosso orgulho de ter feito para o cliente e para nós uma puta entrega.

A gente tem de cuidar da urgência, mas sem esquecer a importância, a essência de cada trabalho.

Desejos, vontades e crenças no nosso trabalho como indivíduos inseridos num time: isso é o que move, é o que nos faz melhores como profissionais e cria um legado.

Tatiane Piovezam é diretora de criação da ARC Worldwide Brasil