Revoluções são interessantes. Mexem com o status quo, redefinem poderes e prioridades. Mudam os rumos da História. Têm vencedores, têm perdedores. Mas, para a História, só fica a versão de quem ganhou.

Revoluções geram mudança. Agora, você vive em um mundo que vai dormir de um jeito e acorda de outro. Um mundo em que o que você pode esperar é que ele vai mudar. Sem saber se para pior ou melhor. E isso muda tudo.

Nestes últimos anos, mudança tem sido o tom de negócios de comunicação. O organizado e padronizado mudou, muda sempre. Para nós que estamos no meio desta equação – cliente, marca, meio e plataforma – a mudança é o pão com manteiga, o arroz com feijão, o primeiro raio de sol. O que nos deveria dar adrenalina, nos dar uma razão para acordar todos os dias, tem deixado uma parte de nós nostálgica. Uma palavra que neste negócio é quase morte.

Apesar de sermos os reis da efemeridade, da arte comercial e do hermetismo, entender, conviver, abraçar e resignificar tudo o que toca as pessoas é o novo ethos contemporâneo da profissão que devemos abraçar, sem medo, sem olhar para trás.

Para quem vê de fora, estamos parecendo meio “comoditizados”, percebidos como uma grande massa homogênea, vista como um tanto quanto “tradicional” – no sentido menos nobre. O pior que isso é de nossa inteira responsabilidade. De fato, às vezes passamos esta imagem e nos comportamos assim.

Está faltando atitude. Está faltando ter um ponto de vista sobre tudo e, principalmente, mais do que abraçar a mudança, ser um vetor dela. Nos dias de hoje, o cliente não quer a resposta ao briefing. O cliente quer a solução do problema.

O cliente não quer saber só o quão “cool” é aquela nova tecnologia que acabou de nascer no Vale do Silício e será utilizada na campanha dele. Quer saber como vai, se possível com a sua ajuda, mexer com as estruturas e genuinamente promover transformações. Se isso vai gerar resultados de market share, bottom line ou um business novo é o que ficará para a História.

Mudar o mundo deveria ser o mantra da nossa profissão. E a tecnologia está aí para abrir nossas mentes e as possibilidades, sem deixar de olhar para o negócio.
A profunda empatia que os “disrompedores” digitais têm com a humanidade é por si só um ponto de inspiração. Para essa turma, o compromisso é com gente e a tecnologia existe para tornar a vida melhor, mais prática. Qual agência não gostaria de ter este tagline? Ou melhor, qual agência não gostaria de exercitar este mantra no seu dia a dia?

Tudo bem, vocês podem me dizer que o mercado está difícil, que vivemos tempos de aversão ao risco e do jogo no certo e no confiável. Acho isso uma verdade só quando não conseguimos chegar em soluções que realmente mexam com nossos clientes, que os façam sentir a energia e o potencial das ideias que geramos e de grandes estratégias que não precisam de explicação. Que são tão organicamente sensatas e incríveis, que as pessoas, quaisquer que sejam, simplesmente mergulham nelas.

São aquelas coisas que você vê, entende e pensa depois: Como não fizeram isso antes? Como vivi sem isso por tanto tempo?

Tem a ver com as possibilidades da função antes da forma. Nada mais funcional do que as plataformas digitais. Quando inventaram o Google, pensaram em função. Quando criaram o Waze, pensaram em função. Quando nasceu o WhatsApp, função era o objetivo. Cada um desses gênios, em sua maneira, tinha um objetivo claro quando investiram tempo, talento e empatia em seus negócios. Cada um deles saiu com uma solução tão nova e tão arrebatadora que fez com que as pessoas adotassem imediatamente, porque fazia sentido.

Iniciativas diferentes, uma mesma atitude: o absoluto desejo de fazer algo novo e mudar o mundo. Esta atitude é o que nós sempre tivemos enquanto indústria e agora precisamos redescobrir e praticar novamente. Como efetivamente ser a ponta da lança e não a barriga flácida, cutucada por esta avalanche de visão.

Por isso, eu sugiro, ou melhor, peço: quebre a caixa. Tenha, a cada nova demanda, o desejo, a motivação e a energia que as mentes mais brilhantes da nossa existência sempre tiveram de efetivamente construir algo nunca feito antes. Tem um sistema de trabalho? Quebre a caixa. Tem uma metodologia? Quebre a caixa. Faz as coisas sempre do mesmo jeito e elas dão certo? Quebre a caixa. A mudança está dentro de você. Se você não fizer, alguém vai.

Rodrigo Cerveira é diretor-executivo da Z+