Após as mudanças tecnológicas e os inúmeros discursos de incentivo a mulher, a diversidade, a igualdade, respeito ao corpo e ao próximo, e assim por diante, observamos uma mudança gigantesca no comportamento do consumidor e da população em geral. As crianças de hoje e da geração Z – 90 até 2010 – já nascem sabendo mexer em ferramentas tecnológicas como, por exemplo, celulares, Tablets, sites, aplicativos, etc.

Se a criança está adaptada ao cenário atual por qual motivo o adulto não se adaptaria? Pois é, hoje o consumidor quer ser o protagonizar da história e não ser apenas o coadjuvante – como foi durante anos – além de ser o protagonista, ele (a) quer ser o motivo de grandes discussões e por vezes formadores de opinião ou influenciadores. O consumidor atual não quer ver uma propaganda com pessoas “perfeitas” – apesar da visão de perfeição ser muito relativa – ele quer ser o PROTAGONISTA da história, quer ver pessoas de verdade e normais na propaganda do shampoo, da cerveja, do sabonete, do creme dental, etc.

Além disso, a publicidade tradicional que é pautada na criatividade de poucos e em discursos mirabolantes já não agrada tanto as agências, nem o cliente e muito menos o consumidor final. As empresas precisam passar por um intenso processo de adaptação e entender que a geração Z é formadora de opinião, imediatista e questionadora. Atualmente, as marcas têm acesso a inúmeras informações, além do mapa padrão sobre a jornada do consumidor. No entanto, a dúvida é: Porque as empresas ainda usam ideias antigas, no discurso “time que está ganhando não se mexe”, ou se apropriar de discursos sobre diversidade e igualdade sem entender o que realmente isso representa.

O que as marcas precisam entender é que antes de vender qualquer coisa é necessário pensar como o consumidor, e sejamos sinceros se isso realmente fosse feito muitos produtos poderiam performar bem melhor ou  sair de linha. É necessário entender a cabeça do consumidor e o que realmente faz sentido para ele, ao invés de apenas mapear a região e adequar o discurso copia e cola. Recentemente, vimos uma marca internacional de roupas cometer um erro de amador, lançar uma campanha sobre diversidade e amor ao corpo com uma imagem totalmente leviana, e claro, não preciso falar que as pessoas foram “à loucura” nas redes sociais quando a campanha foi de fato divulgada e até personalidades comentaram o assunto.  

E eu me pergunto: Como campanhas assim são aprovadas? Em que momento os profissionais antigos deixaram de estudar e querer entender a nova geração? E mesmo presenciando grandes mudanças dentro das agências e clientes, sabemos que o caminho é longo e que o consumidor atual não perdoa falhas. As empresas precisam estudar o consumidor e criar campanhas, publicidade, estratégias pensando em todos e não só no lucro. Muita empresa “mudou” o discurso porque a população de alguma maneira “pressionou”. Isso não é mudança é adaptação!

Ricardo Martins é diretor de Inovação na ABlab