Divulgação Rede Globo

Raoni Carneiro, diretor artístico da TV Globo, está à frente de projetos como Só Toca Top, Show da Virada, Criança Esperança, Festeja e Especial de Fim de Ano. Mas sua atuação vai muito além das telas que cabem em casa. Seus cases incluem, por exemplo, a direção de shows de artistas como Anitta (Meu Lugar), Capital Inicial (Acústico em NY) e, mais recentemente, a badalada turnê comemorativa dos 30 anos de carreira dos irmãos Sandy e Junior (Nossa História). Na entrevista a seguir, o profissional, que alia criatividade a uma veia business, fala sobre sua visão do entretenimento, o futuro do mercado e novos formatos, além de indicar um de seus projetos futuros. 

FORMATOS
Estamos entrando numa fase de ouro do conteúdo e experiência, eventos se unindo a ferramentas audiovisuais para contar boas histórias. Os desafios são enormes e múltiplos. As janelas de conteúdo e as ferramentas nos permitem a versatilidade e pensar como vamos colocar o público para vivenciar a experiência.

MERCADO
Tem muito para crescer, mas o desafio é tornar esses eventos significativos para quem vai vivenciar. O mercado entendeu que vale ter um storytelling “novo” (99% das solicitações são para fazer algo diferente). Existe um desafio enorme para tirar ideia do papel.

DIREÇÃO ARTÍSTICA
Falo sempre com a minha equipe de criação que cada projeto é a invenção de um jogo: temos de criar nossas regras, nossas linhas e limites. Para aí criarmos as faltas, o pênalti, o drible, a jogada de craque.
O diretor artístico é o olhar macro. Hoje em dia ele não pensa apenas no modelo de execução. Tem de conduzir o conceito (defendê-lo), entender o conteúdo e as fases de realização,
de acordo com o tamanho, janela ou espaço do projeto. E levar sua assinatura e personalidade.

PROCESSO
Tento descobrir “quem é esse projeto?”, depois parto para o conceito. Adoro taglines, elas ajudam a nortear as ideias. Nessa fase, trabalho como os showrunners em salas de criação e ideias com o meu time. Vou atrás de referências, construo muito moodboards com o time. Entendo os níveis de dificuldade, técnica de realização, planejo e executo.

ANTES
Compartilhar do sentimento das funções é importante. Já produzi, já operei luz, e tudo isso me faz ter noção do processo interno e técnico de cada função. Deixar o artista seguro é importante, e entender isso muda, assim como questões abstratas como quando uma música não funciona.

BASTIDORES
Cada processo é uma nova história. O Só Toca Top, por exemplo, nasceu de uma provocação e de uma encomenda. Eu queria algo inédito e achamos o formato de ranking uma análise combinatória incrível que eu poderia colocar na TV o reflexo do que se ouve na TV, na rádio e na internet. E cada um tem a sua diferença. Assim chegamos em um formato exclusivo.

MARCAS
Amo criar para marcas, porque elas vêm imbuídas de princípios que nos ajudam a criar conceitos.

SHOWS
Lembro que para o show da Anitta (DVD Anitta – Meu Lugar) estávamos atrás de algo e ela veio com o tema de “céu-inferno” para conceituarmos, mas para mim soou mais que isso, era a dualidade ou multiplicidade. No final, a versatilidade dela foi para a narrativa da cena. Nesse projeto de Sandy & Junior tudo começou quando estava brincando com as crianças e me deparei com um brinquedo de imã que eram dois triângulos equiláteros. Comecei a juntá-los e separá-los, formando um masculino, um feminino, uma ampulheta, um infinito. Estava ali o conceito do show: a união de duas peças separadas com diversas interpretações e conceitos. Mas nunca abri mão dos triângulos, que se tornaram a marca do projeto: dos produtos, da cenografia e até do figurino.

PLANOS
Estou pensando em criar um show musical, juntando vários artistas e shows em uma única noite.

TRADIÇÃO E INEDITISMO
Antes de tudo é preciso entender o que o público quer e como quer. Grandes verdades criadas estão sendo derrubadas e está na hora de rever conceitos. Como? Se questionar, questione a todos envolvidos nos processos. Onde queremos chegar com isso? Qual o caminho? Isso ajuda a criar um norte.