Há algo novo no e-commerce que muitas pesquisas ainda não conseguiram captar. Com a explosão dos marketplaces no Brasil a partir da segunda metade desta década, o setor passou a crescer exponencialmente e ganhou um novo impulso na pandemia. A última edição do Webshoppers, estudo feito a cada seis meses pela Ebit | Nielsen, aponta que o crescimento do e-commerce brasileiro no primeiro semestre de 2020 registrou um aumento de 47%, o maior em 20 anos. O que os estudos não mostram ainda, no entanto, é a expansão que se observa dentro do ambiente das redes sociais.

Ainda que os sites tenham um apelo importante, são as redes sociais que já fazem parte da cultura de cada brasileiro conectado. Em média, cada pessoa no Brasil passa 241 minutos por dia em redes sociais, segundo pesquisa da empresa britânica GlobalWebIndex. O Brasil só perde para as Filipinas no ranking dos maiores mercados de internet do mundo. Comunicação social, interação popular e comércio mobile: as plataformas de mídias sociais estão mais fortes e se expandindo para novos conceitos de tempos em tempos.

A amplificação ficou ainda mais evidente com a chegada da pandemia. Em resumo, as redes sociais ultrapassaram a ideia de oferecer apenas conversas, fotos, textos e filtros divertidos. Hoje é possível fazer ter sua loja online de forma gratuita e aumentar as vendas, já que atingem com mais facilidade seu público alvo.

Alternativa para a crise

A alta no número de acessos fez com que as redes sociais se convertessem em um importante marketplace para as marcas. Companhias que até então não investiam no e-commerce ou nas redes para efetuar suas vendas precisaram migrar para o online para tentar equilibrar as contas em meio à pandemia. Empreendedores também enxergaram uma oportunidade usando canais como Facebook, Instagram e WhatsApp para começar um negócio e alavancar as vendas. Entre Abril e Junho, meses de pico do distanciamento, 5,7 milhões de clientes fizeram a primeira compra pela internet, de acordo com estudo divulgado pela Neotrust/Compre&Confie.

Plataformas apresentaram recursos para ajudar os empreendedores, diminuir o impacto financeiro em seus negócios e mostrar que podem ser grandes aliadas nesse contexto de vendas e divulgação. O Instagram, por exemplo, disponibilizou um novo adesivo chamado “Apoie as pequenas empresas”, que pode ser usado nos stories para mencionar e divulgar um local da sua cidade. O Facebook criou uma nova ferramenta focada na criação de lojas online integradas com os seus diferentes aplicativos, o Facebook Shops.

Estudo global da consultoria PwC mostra que, no Brasil, 77% das pessoas se dizem influenciadas a comprar produtos por meio das redes sociais – ou seja, informações obtidas nestes canais, pelos comentários e ‘likes’ de amigos ou perfis de marcas, tiveram impacto nas suas decisões de compra. Por isso, plataformas como o Instagram e o Facebook estão cada vez mais de olho nessa fatia importante do mercado para ofertar às empresas uma possibilidade efetiva de capturar ainda mais consumidores.

Marketing Digital

O enorme volume de usuários interagindo nas redes sociais também possibilita tornar as ofertas cada vez mais personalizadas. A navegação, composta por uma série de comentários, opiniões e indicações de gostos do público, oferece um cenário perfeito para que as marcas também possam entender melhor o cliente e seu real desejo, podendo, a partir de então, planejar uma estratégia precisa para encontrar esses consumidores em seus diferentes pontos da jornada de compra.

Os dados também abrem espaço para um diálogo mais direto, com tom e linguagem ideais para a produção e a entrega de um conteúdo personalizado e atraente, com a oferta do produto certo para a pessoa certa. Como resultado desse processo, é possível estabelecer uma comunicação direta com seu cliente, aumentar o alcance do conteúdo e obter clientes participativos que irão comprar assiduamente, por meio da aplicação de metodologias próprias de otimização de resultados.

Independente do canal, o marketing digital é responsável por alavancar as vendas online e por toda a transformação do comércio online. As mudanças causadas pela Covid-19 aceleraram os processos digitais e algumas tendências que estavam previstas para acontecer em alguns anos. Investir no digital deixou de ser opção para o varejo e passou a ser obrigação como meio de negócio, expansão e fortalecimento das marcas.

Adriana Campos é CEO da Adtail, agência full-service de marketing digital